O silêncio da sala parecia pesar mais do que qualquer grito.
Laura terminava de revisar os últimos documentos do dia. As mãos tremiam levemente, não apenas pelo cansaço, mas pela dor surda que se espalhava por todo o corpo — não física, mas emocional. Ele a havia dispensado como se o que todos os momentos que compartilharam não tivesse significado nada para ele.
O som da porta se abrindo novamente no fim do expediente fez seu coração disparar.
Heitor adentrou a sala.
Frio. Impecável. Máscara no lugar.
Ela o observou por trás dos cílios, sem saber se a mágoa ou o desejo queimava mais. Ele estava vestido com aquele terno escuro perfeitamente alinhado, os cabelos milimetricamente penteados para trás, os olhos ocultando toda a fúria e contradição que ela sabia que existiam dentro dele.
Durante os primeiros minutos, ele não disse uma palavra. Apenas caminhou até sua mesa, sentou-se, ligou o notebook e começou a digitar com pressa e concentração, como se ela sequer estivesse ali.
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