Horas depois, a mansão estava mergulhada em um silêncio fúnebre. A movimentação era discreta, quase respeitosa. Homens de terno preto transitavam com sobriedade entre os cômodos, preparando o corpo de Álvaro Arantes para o velório na própria residência, como era seu desejo.
Heitor supervisionava tudo com um semblante endurecido, o maxilar travado e os olhos sombrios. Estava impecavelmente vestido de preto, mas por dentro, em ruínas.
Não chorava. Não permitia. Mas a dor queimava em cada gesto frio e mecânico. Assinou papéis, falou com o advogado da família, rejeitou a presença de jornalistas.
— Nada de imprensa. Nada de câmeras. Isso é assunto de família.
Patrícia tentou se aproximar uma vez, mas ele a ignorou como se fosse invisível.
O caixão chegou e foi posicionado no grande salão da mansão, sob o imponente lustre de cristal. Flores brancas preenchiam o ambiente, mas não conseguiam esconder o peso do que fora perdido — ou do que nunca chegou a ser recuperado.
Heitor olho