Foi até o banheiro. Ligou o chuveiro. A água quente caiu sobre seu corpo tenso como um alívio provisório. Mas não era o suficiente para lavar a pressão que sentia no peito. Lavou o rosto, fechou os olhos, tentando colocar em ordem o que diria ao delegado. Como manteria a frieza. Como se defenderia da mentira de uma mulher que nem conseguia lembrar.
"Karina Souza". Nunca ouvira aquele nome. Mas ela afirmava ter estado com ele no clube, o que podia ser verdade — assim como podia ser verdade que haviam transado. O que ele sabia ser mentira era ter feito algo sem o consentimento dela, e, principalmente, ter se descontrolado a ponto de quase matá-la.
Saiu do banho, secou-se e escolheu com precisão um terno escuro de corte italiano. Camisa branca, abotoada até o colarinho, e uma gravata cinza-chumbo. Passou um pouco de colônia amadeirada, ajeitou o cabelo com as mãos e, por fim, calçou os sapatos de couro.
Voltou ao quarto.
Laura ainda dormia.
Inclinou-se sobre ela com cuidado. Aproxim