Acordo sentindo algo macio e quente ao qual estou aconchegada. Um braço firme na minha cintura, uma respiração tranquila sobre a minha cabeça. Levo alguns segundos para lembrar onde estou. Quando lembro, não me assusto. Não me fecho. Apenas fico.
Pietro dorme. O rosto relaxado, distante daquele controle que ele sustenta quando está acordado. Observo em silêncio. Há algo nele que impõe presença, mesmo parado. E isso… isso eu senti desde ontem à noite.
Meu corpo ainda guarda tudo. O toque, os beijos, a forma como ele me olhou — e como eu o olhei. Não como quem consome, mas como quem percebe. Eu não me senti invadida. Nem pressionada. Me senti escolhendo. E isso é novo.
Fico ali alguns minutos, sem coragem de me mexer. Não quero quebrar aquele instante. Mas sei que ele não pode durar.
Levanto devagar. Não é fuga. É consciência.
Procuro minhas coisas. Sinto que ele me observa. Nossos olhares se encontram por um segundo. Aviso rápido que já vou, que só usarei o banheiro antes. Deixo claro