Perdida no olhar do Marcos pelas palavras ditas, ouço me chamar.
— Ana Carvalho.
Levanto e o Marcos me segue. Achei que ele me esperaria na recepção, mas não falei nada.
A médica era uma senhora de uns cinquenta e poucos anos, loira, olhos claros — um verde que lembrava folhas secas. Uma mulher bonita, simpática e de presença.
Cumprimentou-me e, ao olhar para o Marcos, sorriu:
— Fico muito feliz quando os maridos são presentes.
— Ele é meu namorado — respondi.
Ela riu.
— Então é uma raridade. Mulher de sorte você.
Ele sorriu, todo se achando.
— É uma consulta de rotina ou tem algo te incomodando, Ana? — ela perguntou.
— Preciso de um método anticoncepcional.
— Ah, sim — disse, pegando uma prancheta. — Creio que já iniciou sua vida sexual?
— Sim.
— Tem se prevenido?
Olhei para o Marcos, sem graça.
— Sim… só na primeira vez… — parei e ele completou:
— Não nos prevenimos na primeira vez. E foi a primeira vez dela.
— Quando foi isso? — perguntou a doutora.
— Quase um mês.
— Então antes de