Angel
O carro parou em frente à clínica, e por um instante fiquei observando o jardim bem cuidado, como se quisesse adiar o momento de entrar. Não porque não quisesse vê-lo, mas porque ainda era difícil assimilar a nova versão de Raul: sóbria, tranquila, quase irreconhecível.
Quando a porta se abriu, o cheiro de desinfetante e café recém-passado se misturou ao ar. Caminhei pelo corredor iluminado, sentindo meu coração acelerar. Encontrei Raul na sala de convivência, sentado no sofá, assistindo a um programa qualquer na televisão.
As semanas de tratamento tinham feito milagres. Aquele semblante cansado e doente tinha dado lugar a algo novo… algo que me fez sentir um aperto de alívi