Lucas
O ar-condicionado do carro lutava contra o calor pesado de São Paulo, mas eu mal sentia. Estava estacionado do outro lado da rua, em frente à clínica, meu olhar fixo na porta de vidro. Atendi a ligação de Leonardo, a voz dele saindo clara pelo viva-voz.
— Estamos de volta — eu disse, o som da minha voz estranhamente abafado pelo vidro do carro. — Passamos em casa para deixar as malas e depois vamos para o seu apartamento.
Leonardo respondeu algo sobre Amélia ter feito jantar, mas de repente, algo me tirou do foco.
A porta da clínica se abriu.
Angel saiu.
Ela parecia um fantasma, o rosto pálido e os olhos arregalados de quem viu a alma fugir do corpo. Seus passos eram rápidos e instáveis, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. Algo estava terrivelmente errado.
E então ele apareceu.
Igor.
Meus dedos se apertaram no volante.
Ele a alcançou, a mão se fechando com força ao redor do braço dela. Pelo meu vidro escuro, eu pude ver a tentativa dela de se soltar, a expressão de