Angel
A sala de Lucas parecia ter ficado menor, o ar mais pesado, desde a última vez que estive ali. Ele me observava de trás da mesa, os olhos impenetráveis, enquanto eu tentava encontrar as palavras certas.
— O que aconteceu? — insistiu, os olhos questionadores
Engoli em seco. Por mais que eu tenha ensaiado mentalmente, as palavras pareceram pequenas diante do peso do que precisava dizer.
— É o Raul — soltei. — Ele me abordou na rua, hoje. Estava... alterado. Ele disse que está devendo para um traficante. Que tem até amanhã à noite pra pagar. Ou...
— Quanto?
— Cinquenta mil.
Lucas não demonstrou surpresa. Nem indignação. Só frieza.
— E você veio me pedir esse dinheiro?
— Não. — Olhei pra ele, ofendida. — Eu vim pedir conselhos. Eu achei que... que talvez você pudesse me ajudar a pensar em alguma forma de resolver isso. Ele está em perigo, Lucas…
Ele suspirou, desviando o olhar para a janela.
— Ele sempre estará em perigo, — ele interrompeu, erguendo-se da cadeira. — É um viciado, An