(Sala das Funcionárias – 12h15 da manhã)
Angel
Ele passou por mim sem olhar. Sem uma palavra. Sem um gesto. Sem nada.
Lucas saiu da sala como quem tem um destino importante e uma pressa seletiva — direto, firme, com aquela postura que grita “não me interrompa”.
Mas não foi isso que me incomodou. Foi o fato de ele parar na mesa da Carolina, se inclinar levemente, e dizer algo que eu ouvi mesmo sem querer ouvir:
— Não volto mais hoje. Cobre os contratos da pauta de amanhã.
Simples e objetivo.
E ela sorriu.
Um sorriso curto, contido, mas satisfeito. Como se ele tivesse lhe contado um segredo que me excluía. Meu estômago embrulhou. E não era pela fome.
Ele saiu do escritório, e eu fiquei ali, tentando digerir não só o vácuo que ele me deixou, mas também o incômodo de não saber.
Para onde ele vai? Com quem? Por quê?
Claro que Carolina percebeu minha curiosidade. Ela não perde uma.
— Algum problema? — perguntou, sem tirar os olhos do monitor, mas com aquele tom que pingava veneno.
Leva