Evelyn
Quando Dante saiu no fim da tarde, senti aquele quarto enorme ficar grande demais pra mim. O silêncio parecia ter peso. O contraste com Cambridge queimava na memória, como se lá tivéssemos vivido num mundo à parte, um planeta onde tudo que eu queria podia existir livremente. Aqui, nessa casa cheia de corredores que engolem sussurros, nada disso cabia. Onde eu precisava voltar a ser cuidadosa, quase invisível, e isso me corroía por dentro.
Fiquei um tempo sentada na beirada da cama, com os dedos entrelaçados, revivendo cada detalhe da noite em que fomos só nós dois — sem paredes, sem vozes atrás, sem nada pra atrapalhar. O toque dele, o corpo dele, o jeito como parecia vulnerável e forte ao mesmo tempo… a forma fomos um com o outro, como um casal normal, sem reservas. Eu queria aquilo todos os dias. Queria sem precisar ter medo do que aconteceria se alguém batesse na porta na hora errada. E eu não conseguia dizer isso pra Dante. O medo de perder tudo pesava mais do que q