Dante
A manhã amanheceu arrastada, pesada do tipo que parece puxar meu corpo para baixo. Não tomei café. Nem olhei para a mesa. Simplesmente saí. Preferi meter a cara no vento frio do que encarar o silêncio da casa sem ela falando comigo.
No carro, fiquei repetindo mentalmente aquela última cena. Ela me expulsando do quarto. A voz tensa. Os olhos machucados. Evelyn não faz ideia do tamanho do buraco que abriu em mim com aquele pedido para eu sair. E ainda assim… eu entendo. Entendo porque a distância entre o mundo dela e o meu é grande e áspera demais, cheia de sombras que eu ainda não consegui iluminar para ela.
O escritório pelo menos não discute comigo. Só despeja trabalho. Afundei neles como se fossem areia movediça — contratos, relatórios, pendências, reuniões rápidas. Qualquer coisa servia para manter minha mente longe do rosto dela. Mas não durou muito.
Bateram na porta sem marcar horário, e o nome que a secretária anunciou me fez congelar: Elizabeth Rowan.
Deixei