Evelyn
Acordei devagar, como quem volta de um sonho macio, desses que a gente tenta segurar nos dedos antes que desapareçam. A primeira coisa que senti foi calor. Depois, um cheiro leve de sabonete masculino, algo amadeirado, familiar demais. Pisquei, confusa, e quando meus olhos finalmente se ajustaram à luz suave da manhã, eu congelei.
Dante estava ao meu lado. Dormindo.
Meu coração disparou tão rápido que eu quase ouvi o sangue correr. Eu não estava no meu quarto. O teto era diferente, a janela maior, as cortinas mais pesadas. Minha cabeça girou tentando reconstruir o caminho até ali, só que não havia caminho nenhum. Só um apagão entre a febre e… isso.
Eu devia levantar. Sair correndo. Me esconder atrás de alguma porta, de preferência uma que desse pra outra dimensão. Mas, em vez disso, fiquei ali parada, só olhando ele dormir. O rosto dele parecia tão tranquilo. Dante dormindo é quase uma pintura antiga. O maxilar relaxado, os cílios longos, aquela expressão serena q