Paixão Ardente
Paixão Ardente
Por: Alda Silva
Capítulo 1 Enviando ela para a prisão
- Não fui eu, acredite em mim! - insistiu Jane Pereira teimosamente olhando para a pessoa no carro.

A chuva caía forte e a janela do carro estava encharcada pela chuva, a face fria e séria da pessoa no interior do veículo podia ser vagamente vista através do vidro molhado. Jane tremia de frio do lado de fora do carro, gritando alto através da janela:

- Rafael Gomes! Pelo menos me ouça!

De repente, a porta do carro se abriu, sem que Jane tivesse tempo de se animar, uma grande força a arrastou para dentro do carro, fazendo com que ela caísse sobre ele, sua camisa branca e limpa instantaneamente encharcada.

- Rafael, por favor, confie em mim! Eu não contratei aqueles bandidos que machucaram Xaviana! - Jane tentou explicar, mas um longo e forte dedo agarrou brutalmente seu queixo, enquanto uma voz profunda e magnética ecoava em sua cabeça:

- Você gosta tanto assim de mim?

Aquela voz fria trazia um leve odor de tabaco, era o cheiro dele.

- O quê? - Jane ficou confusa, todo o mundo sabia que ela gostava dele, por que ele estava perguntando isso agora?

O homem segurou o queixo de Jane com um aperto firme e sua outra mão, longa e forte, se estendeu gentilmente até o rosto molhado e gelado dela. Seu toque era como água, fazendo Jane se sentir perdida.

Ela pensou que ele perguntaria se ela estava com frio. De repente, o homem emitiu uma aura gelada, dizendo com voz fria:

- Você gosta tanto assim de mim, ao ponto de não se importar em prejudicar Xaviana?

Uma sensação de frio surgiu do fundo do coração, rapidamente se espalhando por todo o corpo de Jane. Ela acordou de repente e não pôde deixar de sorrir amargamente...

Ela sempre soube que a gentileza daquele homem não era para ela. Na verdade, aquilo não era gentileza alguma, era apenas um sorriso do diabo.

- Eu não tinha a intenção de prejudicar Xaviana... - Jane tentou se justificar.

- Sim, você não tinha a intenção de prejudicar Xaviana. Você apenas pagou alguns bandidos para estuprá-la.

Os olhos do homem começaram a mostrar impaciência. Ele não deu a Jane a chance de se explicar, rasgando suas roupas com um único movimento.

- Aaah!

Com gritos agudos, Jane foi jogada impiedosamente para fora do carro e caiu desajeitada na chuva. Uma voz masculina fria soou claramente em seus ouvidos, misturando-se ao som da chuva:

- Srta. Jane Pereira, se você trata Xaviana assim, eu tratarei você do mesmo jeito. Como você gosta de estar sem roupas?

Rapidamente, Jane levantou a cabeça e olhou incrédula para dentro do carro. O homem estava sentado lá dentro, olhando para ela de cima e tirando o lenço para limpar os dedos calmamente enquanto dizia:

- Srta. Jane, estou cansado agora. Você pode ir embora.

- Rafael! Me escuta! Eu realmente...

- Se a Srta. Jane está disposta a se ajoelhar em frente à minha Mansão por uma noite, talvez eu esteja de bom humor e concorde em dar-lhe dez minutos.

O homem ergueu os olhos com indiferença e olhou para Jane.

A porta do carro se fechou abruptamente e um lenço foi jogado para fora do carro, flutuando e caindo molhado na frente de Jane.

Ela abaixou a cabeça e pegou o lenço molhado pela chuva, apertando-o firmemente na palma da mão.

O carro dirigiu-se para dentro da Mansão da família Gomes e o portão de ferro forjado se fechou implacavelmente na frente da Jane.

Sob a chuva, Jane ficou pálida. Ela ficou ali por um tempo, depois ergueu a cabeça de repente, caminhou até a porta da Mansão e ajoelhou-se no chão.

Ela se ajoelhou!

Não para redimir seus pecados!

E sim, porque Xaviana era amiga dela! Sua amiga morreu e ela deveria se ajoelhar em respeito. Não era pelo motivo que todos pensavam: que ela matou Xaviana!

Ela se ajoelhou!

Também se ajoelhou para pedir ao homem que desse a ela dez minutos para falar!

Suas roupas estavam rasgadas e desgastadas. Ela cobria o corpo com as mãos, mas ainda mantinha a postura ereta e orgulhosa. Ela era Jane, a orgulhosa rainha de São Paulo, que não se curvava facilmente! Ela era teimosa mesmo de joelhos! Seu orgulho e dignidade estavam em jogo!

Ela se ajoelhou, obstinada, apenas por uma chance de explicar tudo. Ela não fez isso, ela não admitiria as coisas que não fez!

Mas, será que realmente haveria essa chance?

Será que ela realmente poderia explicar tudo claramente?

E... Alguma pessoa acredita mesmo nela?

A chuva caiu cada vez mais forte e não parou por um instante...

Um noite se passou.

No meio de uma chuva torrencial, Jane ainda estava ajoelhada fora da propriedade da família Gomes.

A chuva molhava seu vestido, e ela havia ajoelhado sob a chuva a noite toda.

Finalmente, a manhã chegou, e a propriedade que havia ficado silenciosa a noite toda começou a se movimentar. Um velho mordomo de cabelos prateados, segurando um guarda-chuva preto antigo, saiu do quintal da propriedade.

As portas de ferro, que estiveram cobertas de poeira a noite toda, abriram-se com um rangido e Jane finalmente teve algum movimento.

Ela levantou a cabeça encharcada e olhou para o mordomo em pé no meio do portão de ferro, esboçando um sorriso pálido.

- Srta. Jane, o Sr. Rafael ordenou que você deixasse este lugar.

O mordomo, cujo cabelo estava meticulosamente penteado, nem sequer parecia desgrenhado pela chuva. Ele era tão rigoroso quanto cada árvore e flor no jardim da propriedade da família Gomes, cada um deles era cuidado por uma pessoa especial. O mordomo jogou uma roupa para Jane.

Ela estendeu a mão encharcada pela chuva para pegar a roupa e, mesmo tremendo de frio, ela colocou-a rapidamente.

Depois de recuperar a respiração, Jane falou com voz rouca e determinada:

- Eu quero vê-lo.

O mordomo não ergueu as pálpebras e transmitiu as palavras do dono da propriedade com uma voz firme e sem emoção:

- O Sr. Rafael disse que sua presença aqui poluiu o ambiente da propriedade. Ele pediu que a Srta. Jane não o incomodasse mais.

Desde o incidente até agora, Jane não mostrou um traço de fraqueza. Naquele momento, a força que ela estava fingindo manter era difícil de sustentar, seus ombros tremiam e isso denunciava a dor em seu coração.

Jane fechou os olhos, com a chuva escorrendo por todo o rosto, tornando difícil distinguir se era água da chuva ou lágrimas nas bordas de seus olhos.

O mordomo idoso a observava com uma expressão neutra.

Jane abriu os olhos novamente, olhando para o mordomo idoso, e disse:

- Sr. Antônio, não importa o que você esteja pensando, eu não subornei aqueles delinquentes para manchar a reputação de Xaviana. De qualquer forma, não posso suportar sua ira sem queixas.

Embora Jane estivesse exausta, ela falou com clareza e pronunciou cada palavra distintamente. Ela era uma mulher com uma postura orgulhosa, disposta a abaixar a cabeça temporariamente, mas cheia de determinação.

Finalmente, o mordomo idoso teve uma reação além da indiferença. Seus olhos cinzentos se franziram e seu olhar de desdém se voltou para Jane.

- Xaviana é minha filha. Ela sempre foi obediente e gentil desde pequena, nunca esteve em bares ou lugares sujos como esse. Mas acabou sendo morta e humilhada por um grupo de delinquentes nesses lugares sórdidos e depravados. – disse mordomo, impassível. - Srta. Jane, nós verificamos os registros de comunicação dela. Antes do incidente, ela ligou para você e enviou uma mensagem dizendo que estava no bar “Noite Escura”, perguntando onde você estava.

O mordomo olhava fixamente para Jane com um olhar cheio de ódio ao prosseguir:

- Srta. Jane, você não matou gatos e cachorros, você matou uma pessoa viva! A pessoa já está morta e você ainda está se justificando! Todo mundo sabe que a Srta. Jane é obcecada pelo Sr. Rafael, mas o Sr. Rafael só tem em seu coração a minha filha Xaviana. Ele te despreza profundamente, é óbvio que você está com inveja de Xaviana e quer manchar sua reputação. A sua malícia é repugnante!

Jane não tinha nada a dizer. Xaviana era a filha do mordomo Antônio e o amor verdadeiro de Rafael, enquanto ela, Jane, era apenas uma atriz coadjuvante apaixonada por Rafael. E agora, Xaviana estava morta, e Jane não era mais uma coadjuvante, mas sim uma vilã cruel.

- Srta. Jane, por favor, vá embora. - disse o mordomo Antônio. - Ah, quase me esqueci, o Sr. Rafael me pediu para transmitir uma mensagem para a Srta. Jane.

Jane olhou de repente para o mordomo Antônio.

- O Sr. Rafael disse: Por que não foi você quem morreu?

O corpo de Jane caiu de joelhos no chão, seu corpo tremia incontrolavelmente e ela sentia uma dor aguda em seu coração.

O mordomo Antônio virou-se, seus lábios finos formando uma curva fria e rígida que tornou seu rosto austero ainda mais insensível e cruel.

A Xaviana foi morta por Jane e ele não ficou satisfeito, ele odeia a maldade de Jane.

Sustentando seu corpo frio até os ossos, ela cambaleou para ficar de pé, mal conseguiu se levantar quando suas pernas ficaram dormentes e ela caiu sentada no chão frio de alcatrão, rindo de si mesma...

- Por que não foi você quem morreu?

Realmente, parece algo que aquele homem diria. Jane deu um sorriso mais feio do que uma lágrima:

- Poxa, Xaviana... Desde que você morreu, eu me tornei a escória da sociedade.

No segundo andar da mansão de família Gomes, um homem de corpo esbelto, ombros largos e quadris estreitos, usando um robe preto casualmente, estava em pé na frente da janela do chão ao teto. Descalço, com sua grande e sexy figura, ele olhava em silêncio para a figura de costas na chuva do lado de fora da mansão.

- Sr. Rafael, as suas ordens já foram passadas à Srta. Jane sem alteração. - o velho mordomo dispersou Jane e ficou parado em silêncio na porta do quarto principal.

Rafael balançou o copo de vinho tinto em sua mão, ouvindo as palavras do mordomo. Só então ele recuperou o olhar indiferente que estava em Jane, seus lábios finos emitiram uma série de ordens de forma fria:

- Primeiro, avise a família Pereira... Se eles quiserem Jane, não terão mais a família Pereira. Se eles quiserem a família Pereira, a partir de agora, não haverá mais Jane nesta casa.

- Sim, senhor.

- Segundo, notifique a Universidade S para que apague o registro de Jane. Notifique a Escola Secundária Um para que altere os dados: Jane foi expulsa por promiscuidade e briga durante seu período escolar. Seu mais alto grau de educação é o ensino fundamental.

- Sim, senhor.

- Por último... - disse friamente Rafael. - Mande-a para prisão.

O velho mordomo olhou surpreso para cima.

- Sr. Rafael?

- Ela matou alguém e merece pagar pelo crime, subornando outras pessoas e conspirando para tirar vidas. Deixe-a na prisão por três anos. Qual é o problema, Sr. Antônio? Você acha que estou errado?

Três anos era um prazo que Rafael impôs a Jane, embora as evidências atualmente não fossem suficientes, mas ele estava furioso e determinado.

- Não, Sr. Rafael. Você está certo... - o mordomo começou a chorar. - Se não fosse pelo senhor, Jane não seria punida pelo que fez a Xaviana. Jane é da família Pereira, então eu não podia fazer nada sobre ela. Obrigado, Sr. Rafael, obrigado...

Rafael virou-se e ficou em frente à janela de vidro do chão ao teto, observando a silhueta desaparecer na esquina da rua lá embaixo, com uma expressão sombria em seus olhos. Ele apertou o copo de vinho entre seus dedos, engolindo a bebida escarlate sem deixar uma gota.

- Mordomo Antônio, eu castiguei Jane não porque Xaviana era sua filha, mas porque Xaviana era a mulher que eu queria. - disse lentamente Rafael.

……

Com o corpo cansado, Jane voltou para casa.

Mas ela nunca mais conseguiu entrar pela grande porta da casa da família Pereira. O mordomo que havia servido a família por toda a vida trouxe a mensagem de Rafael para Jane, pedindo educadamente que ela deixasse a casa da família Pereira. Do início ao fim, ela nunca viu a sombra dos seus pais biológicos.

Eles tinham tanto medo de Rafael assim? Jane puxou os cantos da boca... Recuou o olhar daquele portão de ferro forjado, que delimitava sua relação com a família Pereira e separava tudo o que pertencia a ela no passado.

Jane não conseguia descrever o que sentia agora. No momento em que se virou, dois homens de uniforme policial a impediram:

- Srta. Jane, tendo em vista que você pagou para persuadir outras pessoas a destruir a inocência de Xaviana Silva, resultando em sua morte acidental, agora peço que venha conosco a delegacia.

Antes de ser enviada para a prisão, Jane viu Rafael, aquele homem alto e poderoso, parado perto da janela.

Jane balançou a cabeça firmemente:

- Eu não causei nada a Xaviana.

O corpo musculoso de Rafael caminhou até Jane. Ela disse a si mesma para não ter medo, ela era inocente, ela não tinha cometido nenhum crime.

Seu delicado rosto ergueu-se sem medo, mantendo a calma, mas seus ombros tremiam, denunciando sua tensão... Tudo isso foi capturado por um par de olhos afiados.
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo