Já passava das oito da noite quando o telefone tocou. O número era desconhecido, mas decidi atender mesmo assim. A voz do outro lado estava embargada, cansada. Levei alguns segundos para processar a quem pertencia, até que ela se identificou.
— John, sou eu… a mãe da Hana.
Um frio correu pela minha espinha, mas mantive o controle. Havia algo naquele tom de voz que já me preparava para o teatro que viria a seguir.
— Ah, é você.
Respondi, fingindo despreocupação.
— Eu havia esquecido que tinha dado o meu número pra você.
Ela ignorou a pergunta, indo direto ao ponto. O que veio depois foi uma sequência ensaiada, com uma falsa humildade que quase me fez rir.
— John, eu só queria te pedir… uma ajuda. Sabe, dois milhões seriam o suficiente para eu recomeçar minha vida. Desde que a Hana foi embora, a minha situação não tem sido nada fácil.
Soltei uma risada curta, não acreditando na audácia.
— Dois milhões? É isso mesmo?
Perguntei, com uma ironia afiada. — Achei que você fosse um pouco mai