A luz suave do amanhecer filtrava-se pelas cortinas do quarto, tingindo de dourado o lençol desarrumado que ainda cobria parte dos corpos entrelaçados. Lian abriu os olhos antes dela; na verdade, mal havia dormido. Não por inquietude física, mas porque cada instante que passava com Lisanne parecia precioso demais para desperdiçar no escuro do sono.
Permaneceu imóvel por longos minutos, apenas observando. O modo como os cabelos escuros se espalhavam pelo travesseiro, alguns fios rebeldes roçando a curva do rosto. A forma como sua respiração tranquila erguia e abaixava o peito, tocando o dele, como se o ritmo de um estivesse sutilmente moldado ao do outro. Ela estava ali, tão próxima, tão incrivelmente viva… como se a própria noite tivesse costurado seus corpos e almas, ponto a ponto.
Parte dele queria acreditar que poderiam permanecer assim para sempre. Mas “sempre” era uma promessa frágil demais para confiar — e ele já tinha vivido tempo suficiente para saber disso.
Ela era humana