LAIKA
Observei a sombra esfumaçada despencar do céu na minha direção, tão veloz que meus pés pareciam enraizados no solo.
— Laika! — MOLART bradou, e, no instante seguinte, fui arrancada do lugar onde estava.
O espírito atravessou-nos com um assobio agudo enquanto rolávamos pela encosta. Detivemo-nos junto ao tronco de uma árvore, com MOLART sobre mim. Soltei um suspiro profundo, aguardando que ele se erguesse, mas ele permaneceu imóvel. Puxei-lhe o braço; nada. Empurrei-o, e o corpo tombou como madeira caída. Sentei-me de imediato e o encarei: a pele alvura quase translúcida. Sacudi-o com desespero.
— Ei, ei, o que houve?
Os olhos dele, já enevoados, buscaram a pequena faca no bolso; estendeu-a para mim. Encarei o metal, confusa.
— Você precisa fazer isso agora, enquanto ainda respiro.
— Fazer o quê? — Perguntei, embora soubesse exatamente o que pretendia.
— Preciso morrer para que seu companheiro viva. Doraco não tocou meu corpo inteiro, mas o gelo se alastra. Tire meu sangue antes q