Os olhos de Ancião Akim cruzaram-se com os meus, mas ele logo os desviou. A vergonha pesava-lhe nos ombros. Eu, que supostamente deveria saborear esse constrangimento, não consegui; meu coração estava com Karim. Caminhei, passo após passo, até o lugar onde Karim jazia. Mesmo inconsciente, continuava imponente, belo como sempre fora. Ajoelhei-me ao seu lado e envolvi sua mão entre as minhas — gelada. Karim estava frio.
Lágrimas despencaram dos meus olhos. Nada jamais me ferira assim, nem quando Khalid me açoitou, nem quando seus cúmplices me violentaram, tampouco quando suportei todo o restante das humilhações. Agora, sim, meu peito parecia rasgar-se ao meio, esmagado por um peso sufocante.
— Estamos providenciando um funeral à altura. — Disse um dos anciãos.
Desabei em pranto e deitei a cabeça sobre o peito de Karim. Ele não podia morrer; traçáramos nosso futuro. Não podia partir e me deixar à deriva.
— Karim, por favor, não me abandone. Se você se for, não saberei como continuar, não