LAIKA
Abri os olhos e, na penumbra da tenda, a primeira figura que avistei foi a vidente que encontrara na floresta, quando o veneno corria em minhas veias. Ela sorriu-me, e sentei-me com esforço.
— Bem-vinda. — Disse ela, ainda exibindo aquele sorriso enigmático.
Pisquei, aturdida. Ao redor, mulheres rodeavam-me, fitando-me com assombro. Não compreendia o motivo, mas voltei a encarar a vidente.
— Onde está Karim? — Perguntei, a voz rouca.
— Não o vejo desde que cheguei. Perdoe-me pelo atraso. — Explicou.
— Do que está falando?
Ela ergueu a mão para afastar uma mecha do meu cabelo; recuei instintivamente. Ela apenas recolheu os dedos e manteve o sorriso sereno.
— Por que está aqui? — Insisti.
— Sei que a fúria ainda flameja dentro de você e que acredita encontrar paz apenas na vingança. Ela virá, mas, antes, é preciso cumprir o que é justo.
Soltei um suspiro. Mais uma vez falava por enigmas. Contudo, acertara em cheio: eu fervia de raiva, a ponto de doer. Só pensava em reduzir tudo a c