Antonella
Os dias seguintes à descoberta foram estranhos. Não havia gritos, não havia desespero, não havia coragem. Havia apenas… silêncio. Um silêncio que ocupava cada canto dentro de mim.
Eu acordava, colocava qualquer roupa larga que encontrasse e ajudava a vovó nas reuniões. Respondia perguntas, assinava documentos, aprovava rótulos. Por fora, parecia que eu estava funcionando. Por dentro… era como se eu estivesse andando em um corredor escuro, tateando as paredes.
Minha vó não me pressionava. Não tentava arrancar palavras de mim. Apenas colocava chá na mesa, mantinha a mão perto caso eu quisesse segurar, e seguia comigo. Mas ela sabia. No olhar dela havia sempre aquela mistura de força e preocupação que só avós têm.
E foi nesse ritmo lento que algo inesperado começou a acontecer. Eu comecei a tocar a barriga.
Não de propósito. De repente, enquanto lia relatórios, meus dedos estavam ali. Às vezes segurando, às vezes apenas apoiados. Era como se meu corpo reagisse sozinho. Cada vez