A noite caiu. Andrômeda se moveu furtivamente pelo corredor, seus passos leves como o vento.Kael estava deitado, suando frio, o corpo tremendo. Andrômeda se aproximou e segurou sua mão.— Saray disse que eu devia confiar em você. Disse que cuidaria de mim.Ela fez uma pausa, seus olhos observando o rosto vulnerável de Kael.— Eu não preciso que faça isso. Mas... gostaria muito de me sentir segura em algum lugar. Então, se puder se esforçar para voltar... eu ficaria muito grata.Sem perceber, adormeceu ao lado dele.Kael abriu os olhos e a encontrou ali, serena. Por um momento, não se moveu. Era a visão mais linda do mundo.Lembrou-se da primeira vez que a viu... O vento bagunçando seus cabelos, sua risada tornando qualquer melodia sem graça. Nunca vira nada brilhar mais do que os olhos dela. Qualquer estrela sentiria inveja daquele brilho.Ela era a mulher mais linda do mundo.E ele rejeitaria tudo — o trono do inferno, todo o poder que carregava — só para tê-la outra vez nos braços.
Ágata caminhava de loja em loja, um sorriso travesso nos lábios, arrastando Andrômeda e Rarim como duas bonecas de pano para experimentar roupas.— Não precisa ser necessariamente um vestido, não é, capitão? — Kael perguntou, olhando para Andrômeda com um brilho nos olhos.— Não, algo confortável já serve. Olha esse tecido, bem macio — respondeu, deslizando a mão sobre a roupa de Andrômeda... e seus seios.Antes que pudesse se dar conta, um espartilho atingiu seu rosto com força.— TIRA A MÃO, SEU SAFADO! — Rarim e Ágata gritaram juntas.Kael apenas riu, enquanto Andrômeda ajeitava a roupa, o rosto ruborizado.— Kaito, gostou desse? — Ágata perguntou, girando diante do espelho.Ele nem levantou os olhos do livro que lia com fervor, um presente de Yoran: "A Arte de Atrair Mulheres".— Difícil dizer, Ágata... Você ficaria linda até sem nada. Mas devo admitir que esse vestido exalta sua beleza de uma forma quase indecente. Até um cego veria o quanto você é deslumbrante — disse, f
Na manhã seguinte, os ânimos não estavam dos melhores. Alinna, Ágata, Rarim e Andrômeda se arrastaram até a cozinha, despertadas pelo tilintar de pratos e copos. Todos os quartos tinham isolamento acústico — um capricho de Ágata — então, provavelmente, os rapazes deixaram as portas abertas. O caos reinava na cozinha. Boldar estava encostado em Yoran, ambos rindo da cena que se desenrolava diante deles. Kael, Leon e Kaito lutavam para preparar o café da manhã. Kaito e Leon até tinham alguma habilidade na cozinha, mas Kael... era um desastre completo. — Acho que sua amiga deveria contratar uma cozinheira, capitão. Se o senhor continuar se aventurando na cozinha, é capaz de criar um monstro de gororoba. — Yoran gargalhava, enterrando o rosto no ombro de Boldar. — Fique à vontade para ajudar. — Kael respondeu distraído, no exato momento em que queimou a mão. O grito de dor arrancou mais uma gargalhada de Yoran. Ordam entrou calmamente, mas, ao ver a bagunça, paralisou, boqui
O lago refletia a luz pálida da lua, as águas agitadas pelos resquícios da fúria de Kael. Seu peito subia e descia de forma descompassada, os punhos cerrados, as chamas ao seu redor se dissipando aos poucos.— Eu vou quebrar essa maldição! — sua voz rasgou o silêncio da noite, ecoando entre as árvores.Um movimento sutil atraiu sua atenção. Passos leves sobre a terra úmida. Ágata emergiu das sombras, os olhos baixos, segurando Rarim pelo pulso. A jovem estava tonta, os lábios pálidos, mas ainda assim, consciente.— Ágata? — Kael franziu a testa, seus instintos em alerta.Ela ergueu o rosto, os olhos agora âmbar brilhando sob a luz fraca. Mas não havia arrogância, nem sorriso cruel. Havia apenas uma calma perturbadora.— Me desculpe, Kael. — Sua voz era suave, mas carregada de uma decisão irrevogável. — Mas eu não posso ficar.A inquietação cresceu dentro dele. Algo estava errado.— O que você está dizendo? — Ele deu um passo à frente, mas parou quando sentiu outra presença.Di
Depois de algumas horas e lágrimas, Kael voltou seu olhar para algo que não fosse o ciúme ou o medo cego de perder Andrômeda outra vez. Talvez o livro de Casmor tivesse alguma nota ou inscrição sobre toda aquela merda. — Kael — Marcel chamou, segurando a maçaneta da porta. — Vim me despedir, vou voltar ao reino das fadas — ele disse, sério. — Por que veio se despedir? Não somos amigos — Kael respondeu, com os olhos fixos no livro à frente. — Não vim me despedir de um amigo, vim me despedir do líder dos sete pecados capitais. Obrigado pela recepção e por salvar minha vida, talvez eu possa te agradecer no futuro — Marcel respondeu, se endireitando na porta. Kael sorriu sem humor. — Ficar longe da And seria uma ótima forma de agradecer. Marcel bufou. — A And é minha amiga e... — Não. — respondeu Kael, se levantando. — Ela é minha mulher, não é sua amiga, sua protegida, sua aluna, ela não é nada disso. — Tudo bem, entendi. Não precisa fazer xixi nela pra marcar território
Andrômeda segurava o coberto , apertando junto ao peito. Tentando se manter acordada em meio a tantos pensamentos que iam e voltavam Algo estava errado, Desde o episódio do flashback a alguns dias na cozinha aquilo estava acontecendo. Antes eram só pesadelos, mas agora as cenas vividas as atormentavam até acordada.—com licença posso entrar? – ágata perguntou escorando no batente da porta — claro entra– andrômeda respondeu com um sorriso largo Ágata retribuiu o sorriso — Obrigada. Eu queria perguntar algo pessoal se não se importar Andromeda olhou para ela desconcertada cerrando os dentes. — se eu puder ajudar, não me importo em responder.— Eu tenho tido alguns pesadelos, são vividos e tem pessoas que eu conheço mas não vejo a algum tempo. Ao que parece os homens da casa não estão passando por isso. Você está ? Andromeda encarou ágata ,pensando na possibilidade de esconder seus pesadelos mas não o fez— sim. Ágata ergueu as sobrancelhas — são só pesadelos? — Nã
— Trouxe algo pra você — Boldar falou, retribuindo os beijos frenéticos que Yoran lhe dava, arrancando-lhe arrepios.— Não quero nada — Yoran respondeu com os lábios entreabertos, como se estivesse se segurando há muito tempo para aquilo — só você — ele completou.Mas Boldar o interrompeu:— Aqui — ele entregou uma pedra negra a Yoran — sua alma e o mana do demônio que selou o pacto com você.Yoran encarou Boldar, perplexo.— O que...? Por quê? Espera... como? Você disse que não...— Sim, eu não sabia quem ele era — Boldar respondeu, sentando na cama — mas sou um demônio, e tenho amigos. Eu sei o quanto você a queria de volta.Yoran estava com um olhar preocupado e irado.— O que você deu em troca? O que seus “amigos” pediram? — Yoran gritou, segurando os braços de Boldar.— Está perguntando se me deitei com alguém? — Boldar perguntou, intrigado.Yoran o puxou para seus braços, abraçando-o forte.— A carne não passa de uma caixa pra algo brilhante e perfeito, meu amor. Eu amo v
Kael despertou quando a noite já havia avançado muito. Eram quase 3 da manhã quando ele sentiu frio e levantou para buscar algo para cobrir Andrômeda.Ele abriu a porta do laboratório enquanto voltava para a varanda, sem ter indício nenhum de que não voltaria a dormir com Andrômeda. Ágata estava sentada com as mãos cobrindo os ouvidos e nem notou ele entrar.— Por que está acordada tão tarde? — Kael perguntou, tocando o ombro dela.Ágata olhou para ele, com sono no rosto.— Estava lendo algumas coisas pra ajudar Andrômeda e impedir o óbvio fim do mundo.— Agui, não se preocupe tanto. Estaremos prontos se o fim do mundo vier.Ágata olhou para ele com um olhar condescendente.— Tudo bem, vou terminar o que co...A fala de Ágata foi interrompida por um grito que ecoou por toda a casa. Kael olhou para a varanda com os ombros tensos.— Andrômeda — ele falou, apreensivo, cerrando os punhos e olhando para Ágata.— Vai. — Ágata falou, urgente.Eles saíram do laboratório apressados. Ág