Camille
Estava no quarto, embalando um dos gêmeos enquanto Carmen mantinha o outro entretido com um brinquedo de pelúcia.
O dia tinha sido relativamente calmo, mas eu sabia que a paz era algo fugaz na vida que levávamos. Desde o sequestro da mãe de Javier, a tensão na casa tinha se intensificado, e, mesmo que ele tentasse esconder, eu podia ver a exaustão estampada em seus olhos.
Quando ouvi o leve deslizar de um envelope sendo empurrado por baixo da porta, meu coração parou. Coloquei o bebê no berço e, com mãos trêmulas, caminhei até a porta. Peguei o envelope, sentindo o peso da ameaça que ele carregava antes mesmo de abri-lo.
O bilhete tinha a mesma letra fria e meticulosa de Juan Carlos. Apenas uma frase, curta e cruel, que me fez sentir como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés:
“Descubra o galpão onde Javier guarda a mercadoria ou os seus filhos serão os próximos.”
Minhas pernas fraquejaram, e me apoiei na beirada da cama para não cair. O papel tremia nas minhas mãos enqu