Camille A noite estava silenciosa, mas eu não conseguia ouvir nada além do tumulto dentro da minha mente.Desde o bilhete de Juan Carlos, minha cabeça girava em busca de uma solução. Agora, com um plano em mente, sentia o coração bater forte, cada pulsação ecoando nas paredes do quarto escuro.Javier estava em uma reunião com os homens da segurança, ocupado demais para notar meus movimentos. Essa era minha única chance. Se esperasse mais, poderia perder o pouco controle que ainda tinha sobre a situação.Os gêmeos dormiam tranquilamente nos berços, suas respirações suaves contrastando com minha ansiedade crescente. Acariciei o rostinho de cada um, memorizando suas feições inocentes, como se precisasse de forças para o que estava prestes a fazer.— Eu amo vocês — sussurrei, minha voz embargada. — Tudo isso é por vocês.Peguei uma pequena bolsa onde já havia colocado algumas roupas e itens essenciais para os bebês. Carmen estava de folga naquela noite, então não havia ninguém no andar p
CamilleA luz suave do sol da manhã penetrava pelas janelas do carro enquanto eu dirigia pelas ruas tranquilas em direção à escola de Sarah.Meu coração estava acelerado, embora eu tentasse manter a respiração calma e o rosto sereno. A decisão que havia tomado era definitiva: eu não podia mais ficar naquela cidade. Não depois do que havia acontecido comigo. Não com tudo o que sabia agora.Sarah era minha prioridade, minha irmã caçula que vivia em uma escola integral. Eu sabia que Javier era uma força avassaladora, mas não podia permitir que ele controlasse cada aspecto da minha vida. Não quando a segurança de todos que eu amava estava em jogo.Ao chegar à escola, estacionei o carro e esperei por Sarah na entrada. Ela saiu com sua mochila nas costas, um sorriso largo no rosto ao me ver.— Camille! Você veio me buscar! — Ela correu até mim, animada.Ajoelhei-me para ficar na altura dela, segurando suas mãos pequenas.— Sim, minha pequena. Hoje é um dia especial. Vamos dar uma volta junt
JavierA porta da biblioteca estava aberta, mas o ambiente ainda era envolto em uma calma que parecia artificial.Sentado atrás da imensa mesa de madeira escura, girava o anel no dedo enquanto olhava para o copo de uísque à minha frente. As horas anteriores tinham sido um turbilhão de emoções, mas agora havia algo mais intenso me consumindo: uma necessidade de respostas.Quando soube que Camille tentara sair da cidade, uma mistura de descrença e raiva tomou conta de mim. Não apenas por ela ter tentado fugir, mas pelo fato de ela não ter me contado nada e por ter descoberto da pior maneira o que deveria estar acontecendo há meses bem de baixo do meu nariz, permitindo isso por estar cego de amor por ela..— Ela chegou — a voz de Carmen anunciou da porta.Eu ergui o olhar, assentindo brevemente.— Traga-a aqui.Carmen hesitou por um momento, como se quisesse dizer algo, mas pensou melhor e saiu sem uma palavra. Poucos minutos depois, ouvi os passos de Camille ecoando no corredor. Quando
CamilleEu sentia o peso das palavras de Javier como uma lâmina fria cortando minha alma.Ele estava parado à minha frente, seus olhos escuros fixos em mim com uma mistura de raiva e incredulidade, como se eu fosse a última pessoa a quem ele deveria acreditar. Eu queria gritar, queria me explicar, mas as palavras estavam presas na minha garganta, como se uma força invisível me impedisse de falar.— Leve os gêmeos para longe dela, agora! — Javier falou, a voz tão firme, tão cheia de autoridade, que parecia um comando. Não era uma sugestão, nem uma preocupação... era uma ordem. E, naquele momento, as palavras dele pareciam ser mais do que um simples pedido. Pareciam ser a sentença de morte para tudo o que eu havia lutado para construir.Meu coração disparou.Eu olhei para os gêmeos, que estavam brincando no canto da sala, completamente alheios ao que estava acontecendo entre nós. Eles eram a razão pela qual eu respirava, o que me mantinha de pé. Mas agora, tudo parecia prestes a desmoro
JavierDeixei Camille ali, sozinha, dentro da biblioteca.A porta se fechou atrás de mim com um som surdo, e o eco daquelas palavras que trocamos ainda ressoava em meus ouvidos. Cada passo que dei no corredor parecia mais pesado, mais difícil de ser dado. Eu queria acreditar no que ela me dissera, mas tudo parecia tão complicado, tão sujo. As palavras de Camille me martelavam a cabeça, mas eu não conseguia confiar nelas, não depois de tudo o que vi, tudo o que senti.Eu só... eu só não conseguia.Era difícil demais. Eu ainda amava Camille, isso eu sabia. Mas ela tinha me feito sentir como se estivesse perdendo o controle de tudo. As mentiras, as manipulações, as ameaças que ela alegava terem vindo de Juan Carlos... parecia surreal demais. Como eu poderia acreditar em algo assim, depois de tudo o que já passamos?Aquela dor no peito não ia embora. Eu sabia que estava tomando uma decisão difícil, mas eu não sabia mais o que fazer, como confiar novamente nela. Eu não podia permitir que e
CamilleO estrondo do tiro ecoou pelo corredor.Eu sabia que não estava enganada, que algo estava terrivelmente errado. Meu coração disparou, e uma sensação de pânico tomou conta de mim, fazendo minhas pernas tremerem. Eu sabia que o momento de enfrentamento entre Javier e Suzu não era algo simples. Eles estavam em um jogo mortal, e eu havia me tornado parte dessa trama, sem saber até onde a violência e as mentiras poderiam me levar.Corri para fora da biblioteca, os passos rápidos e desesperados. Quando passei pela porta do corredor, vi Marco se afastando de Suzu, seu rosto pálido e tenso, algo em seu olhar que falava mais do que suas palavras.Suzu estava ali, no centro de tudo, com a frieza de sempre, com a arma ainda em suas mãos, como se nada tivesse acontecido. Algo dentro de mim se quebrou ao ver isso, ao vê-la se transformando-se em algo insuportável, cruel.Mas o que me abalou ainda mais foi ver Javier caindo no chão, ferido, seu corpo sangrando. Cada gota de sangue que escor
CamilleA tensão era palpável.Cada movimento, cada respiração, cada segundo me aproximava do inevitável confronto com Suzu.Eu sabia que ela não desistiria fácil. Ela queria a minha morte, a destruição completa da minha vida e da minha família. Eu já tinha presenciado sua frieza antes, mas nunca imaginei até onde ela seria capaz de ir para alcançar seus objetivos. E, naquele momento, ela estava prestes a fazer tudo o que fosse necessário para me destruir.A primeira troca de tiros foi rápida, quase instintiva. Suzu, no segundo andar, parecia se divertir com o caos que criava ao nosso redor. Cada disparo meu era uma tentativa de neutralizá-la, mas ela estava rápida, astuta. Seus olhos estavam fixos em mim, mas, de repente, algo mudou. Eu a vi olhar para o lado, seus olhos se estreitando com um brilho de determinação.Foi então que eu percebi.Ela não estava ali apenas para me matar. Ela estava procurando os gêmeos. O pensamento me cortou como uma lâmina afiada. Ela queria as crianças.
CamilleTentava processar tudo o que aconteceu.Estava parada na entrada da mansão, observando Javier ser cuidadosamente colocado dentro de uma ambulância, seus ferimentos ainda graves e a vida dele ainda por um fio. A imagem dele, desfalecido e fraco, me torturava por dentro. Ele não merecia isso.Foi então que ouvi o som de passos firmes se aproximando. Uma sensação de desconforto tomou conta de mim, e antes que eu pudesse perceber, a porta da mansão foi aberta abruptamente, revelando uma figura que eu não queria ver.Roberta, estava ali, com o rosto vermelho de raiva, os olhos estreitados em fúria. Ela entrou na sala com uma postura ameaçadora, como se tivesse vindo para destruir tudo o que eu tentava manter de pé.— Camille, sua filha da puta! — Ela gritou, avançando na minha direção. Sua raiva era palpável, a voz dela cortando o ar como uma faca afiada. — O que você fez com Juan Carlos? Você o mandou para uma emboscada! Ele está morto por sua causa! Você destruiu tudo, sua maldi