JAVIER HERRERA é o herdeiro de um dos cartéis mais poderosos do México, moldado por um legado de ambição e rivalidade. Desde cedo, ele aprendeu a jogar o jogo de poder, mantendo uma fachada fria e impenetrável. No entanto, seu casamento arranjado com Sofia Montoya, uma mulher que despreza tudo que o cartel representa, começa a despertar sentimentos inesperados. Quando ela revela que está grávida, ele se vê diante de um dilema: sua lealdade ao cartel ou o amor que está nascendo em seu coração. CAMILLE MENDONZA sempre se opôs ao mundo do cartel, vivendo uma vida de independência e liberdade. No entanto, sua vida muda drasticamente quando é forçada a se casar com Javier Herrera, o herdeiro de um cartel rival, para selar a paz entre suas famílias. Enquanto tentam conviver em um relacionamento marcado por ressentimentos, sentimentos inesperados começam a florescer entre eles. Quando descobre que está grávida, ela se vê em um dilema: usar essa nova vida como moeda de troca para ter sua vida de volta ou se entregar aos seus sentimentos. "Entre o amor e a vingança, meu coração se tornava a arma mais perigosa."
Leer másO vento cortante da madrugada me feria a pele enquanto eu atravessava os jardins da mansão Mendonza, o coração batendo tão rápido que eu sentia uma pressão sufocante no peito. Cada passo parecia um eco na escuridão, um lembrete de que estava sozinha naquela tentativa de fuga. A qualquer momento, algum dos seguranças poderia me ver e me deter. Mas a possibilidade de ser pega não era o suficiente para me fazer parar.
Precisava sair dali antes que o sol nascesse e meu destino fosse selado para sempre.
Tudo o que sabia era que tinha que fugir.
Precisava escapar da vida que Diego havia decidido para mim. Tentava segurar as lágrimas enquanto corria em direção à garagem. A promessa de liberdade era como uma chama fraca dentro de mim, algo que eu sabia que poderia apagar a qualquer segundo.
Alcanço o carro preto, o único que sabia estar ali destrancado. Minhas mãos tremiam enquanto tentava uma ligação direta. Havia lido algo sobre fazer uma “luxação direta” na ignição para ligar o carro sem chave, e embora não tivesse muita certeza de como aquilo realmente funcionava, estava desesperada para tentar.
Mas minhas mãos estavam ficando cada vez mais trêmulas. O pânico e a ansiedade cresciam em uma onda que não conseguia controlar. A adrenalina que antes me movia agora parecia me engolir, como se uma pressão imensa estivesse esmagando meu peito, dificultando minha respiração.
Comecei a hiperventilar, e meu corpo paralisou. Minhas mãos estavam congeladas no volante, incapazes de continuar com aquele plano que, começava a parecer insano e fracassado. — Não… Não agora… — murmuro, sentindo meu coração disparar ainda mais rápido. Meu peito subia e descia descontroladamente, e um tremor tomou conta de mim.
Cada vez que eu tentava respirar, parecia que o ar me escapava, como se meus pulmões não conseguissem reter nada.
O mundo ao meu redor começou a escurecer, as bordas da minha visão se fechando, até que tudo o que conseguia ver era o painel do carro e o reflexo do meu rosto em puro desespero.
De repente, ouvi uma voz masculina ao meu lado.
— Ei, você está bem?
Viro o rosto bruscamente, ainda tremendo, e vi um homem parado ali, os olhos firmes e atentos em mim. Sua presença me assustou tanto que por um instante achei que iria desmaiar de vez.
Ele se aproximou devagar, levantando as mãos em um gesto de paz, como se quisesse me mostrar que não era uma ameaça.
— Respiro, está bem? Só respire fundo — disse ele, a voz calma, quase reconfortante.
Aquelas palavras me fizeram tentar, mas meu corpo não obedecia.
Era como se eu estivesse presa em um pesadelo, em um pânico que não conseguia controlar.
Ele percebeu isso, e sem esperar, deu a volta para o lado do passageiro e entrou no carro, fechando a porta e se aproximando de mim com um toque suave, colocando uma das mãos em meu ombro.
— Olhe para mim — pediu ele, com uma firmeza gentil que me fez focar em seu rosto. Seus olhos eram escuros, intensos, mas tinham uma calma estranha, quase hipnotizante. — Respire fundo. Puxe o ar devagar e solte.
Eu o encarei, ainda hesitante, mas aos poucos fui tentando fazer o que ele dizia. Puxo o ar e o solto, sentindo a tensão começar a ceder, pouco a pouco.
Ele mantinha a mão em meu ombro, e mesmo sem saber por quê, aquele simples gesto fazia com que me sentisse mais segura.
— Isso. Continue respirando. Devagar — sussurrou, o tom suave como se quisesse me acalmar completamente.
Aos poucos, o mundo ao meu redor começou a voltar ao normal. Minha visão se ajustou, e o ar finalmente começou a preencher meus pulmões. Solto um suspiro tremido e encosto a cabeça no volante, exausta.
— Desculpe — murmuro, ainda sem forças para encará-lo. — Eu… eu precisava sair daqui. Preciso fugir antes que me obriguem a casar com um homem que é considerado um monstro.
O desconhecido ficou em silêncio por um instante, como se absorvesse o que eu acabara de dizer. Ainda estava tensa, mas o momento de pânico tinha passado, graças à sua intervenção.
— Casar contra a sua vontade? — ele perguntou, com um tom de curiosidade genuína misturado com algo que não conseguia decifrar.
Assenti, ainda sem coragem para olhar em seus olhos.
— Meu padrasto… Ele quer que eu me case com Javier Herrera, o herdeiro do cartel rival — digo, sentindo o veneno nas palavras. — Esse casamento… É um pesadelo. Eu não posso. Não consigo.
Ao dizer isso, finalmente olho para o homem ao meu lado. Ele me observava com uma expressão indecifrável, mas havia uma intensidade em seus olhos que me deixava nervosa. Havia algo no modo como ele me olhava, como se ele já soubesse tudo aquilo antes mesmo de eu falar.
— Fugir pode não ser a solução que você espera — ele disse, a voz baixa e séria. — Você tem ideia do que aconteceria com sua família se você fugisse?
Eu abaixei a cabeça, sabendo que ele estava certo. Fugir significava abandonar minha mãe e minha irmã à mercê de Diego Montoya. Sabia que o preço seria alto para elas, mas ainda assim, o medo daquele casamento parecia me devorar por dentro.
— Eu não sei o que fazer — admiti, sentindo as lágrimas se acumularem em meus olhos.
Ele ficou em silêncio por um momento e, então, gentilmente, colocou uma mão sobre a minha, que ainda segurava o volante com força.
— Às vezes, não é tão simples escapar de certos destinos. Especialmente quando existem pessoas que dependem de nós — Sua voz soa calma e segura. — Mas talvez enfrentar essa situação seja o primeiro passo para mudar algo, mesmo que seja pequeno.
Inspiro fundo, tentando absorver o que ele dizia. Havia uma sabedoria em suas palavras, algo que me acalmava, mesmo que a ideia de voltar para a mansão me parecesse tão insuportável quanto antes.
— Volte para casa — ele sugeriu, com uma gentileza surpreendente. — Por mais difícil que seja, talvez esse não seja o melhor momento para tentar escapar. Você pode estar se precipitando.
De alguma forma, aquelas palavras me atingiram profundamente. A raiva e o desespero ainda estavam ali, mas ele havia plantado uma semente de dúvida, uma pequena hesitação que me fazia reconsiderar minhas ações.
Solto um longo suspiro, exausta, e finalmente balancei a cabeça em um gesto de concordância. Eu sabia que ele estava certo. Ir embora sem um plano poderia acabar mal para todos. Mas algo em mim ainda resistia, ainda sentia a dor de uma liberdade perdida.
Antes de abrir a porta para sair, olhei para ele, curiosa.
— Eu nem sei o seu nome.
Ele me olhou de volta, e um pequeno sorriso curvou seus lábios, um sorriso que não era nem gentil, nem ameaçador, mas parecia carregar uma verdade cruel e oculta.
— Javier — disse, pausadamente, como se saboreasse o efeito de sua revelação. — Javier Herrera.
Um arrepio percorreu minha espinha.
Meu corpo inteiro congelou, e senti o sangue gelar em minhas veias.
Ele… ele era Javier Herrera. O homem que eu tinha acabado de confessar que odiava. O homem com quem eu estava prestes a me casar à força. E ele me ouvira desabafar cada palavra de desespero sobre o casamento.
Ele segurou minha mão novamente, a mesma mão que antes eu agarrava ao volante com medo, e seu olhar se fixou no meu com uma intensidade sombria, quase possessiva.
— É melhor você voltar para casa, Camille — ele murmurou, a voz suave, mas com um tom que parecia uma ordem disfarçada de conselho. — Nos vemos em breve.
Sem dizer mais nada, ele abriu a porta e saiu, deixando-me ali, sozinha e paralisada.
Estava no chão, com os braços apoiados no chão frio e os pulmões queimando enquanto eu lutava para recuperar o fôlego. A dor nas minhas costas pulsava, me lembrando de que eu ainda estava longe de estar completamente recuperada.O peso da maternidade recente, das noites mal dormidas e de tudo o que havia acontecido nos últimos anos parecia ter se acumulado naquele momento.O som abafado de risadas ao fundo, vindo da sala ao lado, me trouxe de volta à realidade. Não importava o quão exausta eu estivesse, a vida continuava. O Clube das Esposas estava mais animado e cheio do que nunca, e eu sabia que precisava me levantar e seguir em frente, mesmo que meu corpo dissesse o contrário.Foi quando senti uma sombra se aproximar e, ao levantar os olhos, vi Eleonora. Sua presença era sempre reconfortante, como se ela trouxesse um pedaço de ordem em meio ao caos. Ela me olhou com um sorriso leve, mas preocupado, enquanto estendia a mão na minha direção.— Está tudo bem? — Ela perguntou, sua voz
CamilleTentava processar tudo o que aconteceu.Estava parada na entrada da mansão, observando Javier ser cuidadosamente colocado dentro de uma ambulância, seus ferimentos ainda graves e a vida dele ainda por um fio. A imagem dele, desfalecido e fraco, me torturava por dentro. Ele não merecia isso.Foi então que ouvi o som de passos firmes se aproximando. Uma sensação de desconforto tomou conta de mim, e antes que eu pudesse perceber, a porta da mansão foi aberta abruptamente, revelando uma figura que eu não queria ver.Roberta, estava ali, com o rosto vermelho de raiva, os olhos estreitados em fúria. Ela entrou na sala com uma postura ameaçadora, como se tivesse vindo para destruir tudo o que eu tentava manter de pé.— Camille, sua filha da puta! — Ela gritou, avançando na minha direção. Sua raiva era palpável, a voz dela cortando o ar como uma faca afiada. — O que você fez com Juan Carlos? Você o mandou para uma emboscada! Ele está morto por sua causa! Você destruiu tudo, sua maldi
CamilleA tensão era palpável.Cada movimento, cada respiração, cada segundo me aproximava do inevitável confronto com Suzu.Eu sabia que ela não desistiria fácil. Ela queria a minha morte, a destruição completa da minha vida e da minha família. Eu já tinha presenciado sua frieza antes, mas nunca imaginei até onde ela seria capaz de ir para alcançar seus objetivos. E, naquele momento, ela estava prestes a fazer tudo o que fosse necessário para me destruir.A primeira troca de tiros foi rápida, quase instintiva. Suzu, no segundo andar, parecia se divertir com o caos que criava ao nosso redor. Cada disparo meu era uma tentativa de neutralizá-la, mas ela estava rápida, astuta. Seus olhos estavam fixos em mim, mas, de repente, algo mudou. Eu a vi olhar para o lado, seus olhos se estreitando com um brilho de determinação.Foi então que eu percebi.Ela não estava ali apenas para me matar. Ela estava procurando os gêmeos. O pensamento me cortou como uma lâmina afiada. Ela queria as crianças.
CamilleO estrondo do tiro ecoou pelo corredor.Eu sabia que não estava enganada, que algo estava terrivelmente errado. Meu coração disparou, e uma sensação de pânico tomou conta de mim, fazendo minhas pernas tremerem. Eu sabia que o momento de enfrentamento entre Javier e Suzu não era algo simples. Eles estavam em um jogo mortal, e eu havia me tornado parte dessa trama, sem saber até onde a violência e as mentiras poderiam me levar.Corri para fora da biblioteca, os passos rápidos e desesperados. Quando passei pela porta do corredor, vi Marco se afastando de Suzu, seu rosto pálido e tenso, algo em seu olhar que falava mais do que suas palavras.Suzu estava ali, no centro de tudo, com a frieza de sempre, com a arma ainda em suas mãos, como se nada tivesse acontecido. Algo dentro de mim se quebrou ao ver isso, ao vê-la se transformando-se em algo insuportável, cruel.Mas o que me abalou ainda mais foi ver Javier caindo no chão, ferido, seu corpo sangrando. Cada gota de sangue que escor
JavierDeixei Camille ali, sozinha, dentro da biblioteca.A porta se fechou atrás de mim com um som surdo, e o eco daquelas palavras que trocamos ainda ressoava em meus ouvidos. Cada passo que dei no corredor parecia mais pesado, mais difícil de ser dado. Eu queria acreditar no que ela me dissera, mas tudo parecia tão complicado, tão sujo. As palavras de Camille me martelavam a cabeça, mas eu não conseguia confiar nelas, não depois de tudo o que vi, tudo o que senti.Eu só... eu só não conseguia.Era difícil demais. Eu ainda amava Camille, isso eu sabia. Mas ela tinha me feito sentir como se estivesse perdendo o controle de tudo. As mentiras, as manipulações, as ameaças que ela alegava terem vindo de Juan Carlos... parecia surreal demais. Como eu poderia acreditar em algo assim, depois de tudo o que já passamos?Aquela dor no peito não ia embora. Eu sabia que estava tomando uma decisão difícil, mas eu não sabia mais o que fazer, como confiar novamente nela. Eu não podia permitir que e
CamilleEu sentia o peso das palavras de Javier como uma lâmina fria cortando minha alma.Ele estava parado à minha frente, seus olhos escuros fixos em mim com uma mistura de raiva e incredulidade, como se eu fosse a última pessoa a quem ele deveria acreditar. Eu queria gritar, queria me explicar, mas as palavras estavam presas na minha garganta, como se uma força invisível me impedisse de falar.— Leve os gêmeos para longe dela, agora! — Javier falou, a voz tão firme, tão cheia de autoridade, que parecia um comando. Não era uma sugestão, nem uma preocupação... era uma ordem. E, naquele momento, as palavras dele pareciam ser mais do que um simples pedido. Pareciam ser a sentença de morte para tudo o que eu havia lutado para construir.Meu coração disparou.Eu olhei para os gêmeos, que estavam brincando no canto da sala, completamente alheios ao que estava acontecendo entre nós. Eles eram a razão pela qual eu respirava, o que me mantinha de pé. Mas agora, tudo parecia prestes a desmoro
Último capítulo