CamilleO estrondo do tiro ecoou pelo corredor.Eu sabia que não estava enganada, que algo estava terrivelmente errado. Meu coração disparou, e uma sensação de pânico tomou conta de mim, fazendo minhas pernas tremerem. Eu sabia que o momento de enfrentamento entre Javier e Suzu não era algo simples. Eles estavam em um jogo mortal, e eu havia me tornado parte dessa trama, sem saber até onde a violência e as mentiras poderiam me levar.Corri para fora da biblioteca, os passos rápidos e desesperados. Quando passei pela porta do corredor, vi Marco se afastando de Suzu, seu rosto pálido e tenso, algo em seu olhar que falava mais do que suas palavras.Suzu estava ali, no centro de tudo, com a frieza de sempre, com a arma ainda em suas mãos, como se nada tivesse acontecido. Algo dentro de mim se quebrou ao ver isso, ao vê-la se transformando-se em algo insuportável, cruel.Mas o que me abalou ainda mais foi ver Javier caindo no chão, ferido, seu corpo sangrando. Cada gota de sangue que escor
CamilleA tensão era palpável.Cada movimento, cada respiração, cada segundo me aproximava do inevitável confronto com Suzu.Eu sabia que ela não desistiria fácil. Ela queria a minha morte, a destruição completa da minha vida e da minha família. Eu já tinha presenciado sua frieza antes, mas nunca imaginei até onde ela seria capaz de ir para alcançar seus objetivos. E, naquele momento, ela estava prestes a fazer tudo o que fosse necessário para me destruir.A primeira troca de tiros foi rápida, quase instintiva. Suzu, no segundo andar, parecia se divertir com o caos que criava ao nosso redor. Cada disparo meu era uma tentativa de neutralizá-la, mas ela estava rápida, astuta. Seus olhos estavam fixos em mim, mas, de repente, algo mudou. Eu a vi olhar para o lado, seus olhos se estreitando com um brilho de determinação.Foi então que eu percebi.Ela não estava ali apenas para me matar. Ela estava procurando os gêmeos. O pensamento me cortou como uma lâmina afiada. Ela queria as crianças.
CamilleTentava processar tudo o que aconteceu.Estava parada na entrada da mansão, observando Javier ser cuidadosamente colocado dentro de uma ambulância, seus ferimentos ainda graves e a vida dele ainda por um fio. A imagem dele, desfalecido e fraco, me torturava por dentro. Ele não merecia isso.Foi então que ouvi o som de passos firmes se aproximando. Uma sensação de desconforto tomou conta de mim, e antes que eu pudesse perceber, a porta da mansão foi aberta abruptamente, revelando uma figura que eu não queria ver.Roberta, estava ali, com o rosto vermelho de raiva, os olhos estreitados em fúria. Ela entrou na sala com uma postura ameaçadora, como se tivesse vindo para destruir tudo o que eu tentava manter de pé.— Camille, sua filha da puta! — Ela gritou, avançando na minha direção. Sua raiva era palpável, a voz dela cortando o ar como uma faca afiada. — O que você fez com Juan Carlos? Você o mandou para uma emboscada! Ele está morto por sua causa! Você destruiu tudo, sua maldi
Estava no chão, com os braços apoiados no chão frio e os pulmões queimando enquanto eu lutava para recuperar o fôlego. A dor nas minhas costas pulsava, me lembrando de que eu ainda estava longe de estar completamente recuperada.O peso da maternidade recente, das noites mal dormidas e de tudo o que havia acontecido nos últimos anos parecia ter se acumulado naquele momento.O som abafado de risadas ao fundo, vindo da sala ao lado, me trouxe de volta à realidade. Não importava o quão exausta eu estivesse, a vida continuava. O Clube das Esposas estava mais animado e cheio do que nunca, e eu sabia que precisava me levantar e seguir em frente, mesmo que meu corpo dissesse o contrário.Foi quando senti uma sombra se aproximar e, ao levantar os olhos, vi Eleonora. Sua presença era sempre reconfortante, como se ela trouxesse um pedaço de ordem em meio ao caos. Ela me olhou com um sorriso leve, mas preocupado, enquanto estendia a mão na minha direção.— Está tudo bem? — Ela perguntou, sua voz
O vento cortante da madrugada me feria a pele enquanto eu atravessava os jardins da mansão Mendonza, o coração batendo tão rápido que eu sentia uma pressão sufocante no peito. Cada passo parecia um eco na escuridão, um lembrete de que estava sozinha naquela tentativa de fuga. A qualquer momento, algum dos seguranças poderia me ver e me deter. Mas a possibilidade de ser pega não era o suficiente para me fazer parar.Precisava sair dali antes que o sol nascesse e meu destino fosse selado para sempre.Tudo o que sabia era que tinha que fugir.Precisava escapar da vida que Diego havia decidido para mim. Tentava segurar as lágrimas enquanto corria em direção à garagem. A promessa de liberdade era como uma chama fraca dentro de mim, algo que eu sabia que poderia apagar a qualquer segundo.Alcanço o carro preto, o único que sabia estar ali destrancado. Minhas mãos tremiam enquanto tentava uma ligação direta. Havia lido algo sobre fazer uma “luxação direta” na ignição para ligar o carro sem c
Camille48 horas antesA mansão estava em silêncio.Um silêncio denso e carregado, daqueles que parecem anunciar uma tempestade.Me sentei rigidamente em uma das poltronas de couro do escritório do meu padrasto, Juan Carlos Mendonza, observando os detalhes ao meu redor com uma inquietação que não conseguia aplacar, talvez fosse o cansaço depois de um dia exaustivo de trabalho em uma lanchonete, aonde desejava apenas minha cama de solteiro em um único cômodo que conseguia pagar com o salário que ganhava. Cada móvel e cada peça de arte naquele ambiente carregavam um peso que só alguém como Juan Carlos poderia impor. Cada item parecia um símbolo de poder, de controle absoluto — algo que ele exercia não só sobre sua “família” de sangue, mas sobre todos os que dependiam dele. Incluindo minha mãe e a minha irmã.O relógio na parede indicava meia-noite, e ele ainda não havia chegado.O ar estava abafado, quase sufocante, e o único som que ouvia era o tique-taque incessante do relógio. Me se
JavierO restaurante estava lotado, mas nenhum ruído penetrava na sala privada em que eu estava.A iluminação era baixa, e o som de jazz suave preenchia o ambiente, um contraste com o peso do que estava prestes a acontecer ali.Do meu lado da mesa, mantive uma postura impassível, sem desviar o olhar de Juan Carlos, que estava sentado à minha frente. Ele se servia de vinho tinto com uma calma perturbadora, como se o encontro não fosse mais do que um jantar casual entre velhos amigos.Mas eu não era amigo dele. Nunca fui. Ele sabia disso e não se importava; a única coisa que importava para ele era o poder. E, agora, aparentemente, esse poder passava pelo casamento entre a enteada dele e eu. Espero até ele levantar a taça e dar o primeiro gole antes de finalmente quebrar o silêncio.— Então, Juan Carlos — começo, mantendo o tom frio e controlado. — Isso é uma confirmação?Ele deixa a taça pousada sobre a mesa e me lança um olhar que continha algo entre uma satisfação sádica e um toque d
Camille 24 horas antesEra meu horário de almoço, e tinha saído correndo da lanchonete para tentar fazer minha mãe entender que aquele casamento com alguém que não conhecia e como Javier Herrera era uma completa insanidade.Tentei mil vezes pedir outra conversa a sós com Juan Carlos, mas ele sempre me ignorava. Então, decidi apelar para ela, esperando que ela pudesse ao menos falar com ele. Ela era a única que talvez pudesse fazê-lo mudar de ideia.Assim que entro na loja de roupas, vi minha mãe, Roberta, folheando araras, com o rosto calmo, como se o mundo ao redor estivesse perfeito.Ela segurava um vestido azul e analisava as costuras, absorta, sem parecer notar minha presença. Esse contraste entre a tranquilidade dela e o caos que explodia dentro de mim me irritava de uma forma que não conseguia controlar.— Mãe, a gente precisa conversar. — Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, mas eu não conseguia mais fingir que estava bem com aquilo.Ela olha para mim, estreitand