Camille
Voltar para casa depois de tudo parecia surreal.
O caminho até lá foi silencioso, Javier dirigindo com o olhar fixo na estrada, enquanto eu me concentrava nas ruas familiares que passavam pela janela. O hospital, o medo, e a confusão dos últimos dias ainda pareciam estar gravados em minha pele, mas estar em movimento, indo para um lugar que ainda considerava meu, trazia uma sensação estranha de conforto.
Quando o carro finalmente parou em frente à casa, fiquei olhando a fachada por um instante. A estrutura imponente, cercada por altos muros e seguranças estrategicamente posicionados, parecia ao mesmo tempo um refúgio e uma prisão. Javier desceu rapidamente, contornando o carro para abrir minha porta, mas hesitei por um momento antes de aceitar sua mão.
Ao descer do carro, fui recebida pela figura efusiva de Carmen. Seus olhos brilhavam com uma mistura de alívio e emoção enquanto ela corria na minha direção, ignorando completamente Javier e me puxando para um abraço apertado.
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