Javier
6 meses depois
O tempo passou de forma estranha.
Por um lado, parecia que o mundo lá fora não havia mudado. As ruas continuavam agitadas, a cidade ainda escondia suas feridas, e os rumores de vingança estavam em constante ebulição. Mas, aqui dentro, no refúgio que criei para nós, as horas pareciam se arrastar como se o tempo tivesse parado.
Toda noite, quando o sol se escondia atrás dos muros altos da casa, eu me aproximava de seu quarto, como sempre fazia. Não importava o que acontecia lá fora, ou o que mais eu tivesse que lidar, ela sempre vinha primeiro. Camille estava ali, quieta na cama, seu olhar tão distante quanto o de qualquer prisioneira. Mas, para mim, ela estava segura. E isso era o único que importava.
A porta se abriu suavemente, o som do rangido da madeira quebrando o silêncio do corredor. Eu a encontrei exatamente como todas as outras noites — sentada na beira da cama, com os olhos perdidos em algum ponto distante da parede. A luz fraca que entrava pela janela