Javier
O quarto do hospital estava mergulhado em silêncio, exceto pelo som constante e rítmico do monitor cardíaco ao lado da cama de Camille. Ela dormia profundamente, o rosto sereno, mas marcado por pequenos hematomas que pareciam ainda mais visíveis sob a luz fria.
Sentado na poltrona ao lado da cama, eu a observava, cada detalhe dela gravado em minha mente. A respiração dela era lenta e estável, o que deveria ser um alívio, mas eu não conseguia afastar a angústia que apertava meu peito.
Minha esposa tinha sido espancada.
O pensamento era uma faca cortando fundo, me fazendo apertar os punhos. Ainda podia sentir a raiva fervendo sob a superfície, mas era contida pela necessidade de estar ali, ao lado dela, garantindo que estivesse segura.
Ela mexeu a cabeça ligeiramente, murmurando algo incompreensível, mas não acordou. Aproximando-me mais, toquei a mão dela com cuidado, como se temesse que pudesse quebrá-la com um simples gesto.
— Não vou deixar que nada te aconteça de novo — murmu