CamilleO sol estava radiante naquela manhã, e, embora o treinamento estivesse sendo cansativo, a sensação de estarmos conquistando algo maior me dava forças para continuar.Eu, Lola, e as prometidas com o que estávamos tentando constru13r nos reunimos novamente.O suor escorria pela minha testa enquanto praticávamos, mas havia algo de bom nisso. Estávamos fortes, determinadas, e parecia que o esforço de cada uma de nós fazia a diferença.O treinamento estava avançando bem até que, de repente, uma onda de cansaço me atingiu de forma abrupta. Minha visão ficou embaçada, e as pernas pareciam não me sustentar mais. Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, tudo ao meu redor começou a girar, e o chão se aproximou de mim com rapidez.Caí de lado, o som de meu corpo batendo no solo parecia distante, abafado, enquanto uma dor repentina e forte se instalava na parte de trás da minha cabeça.As vozes das mulheres começaram a soar como se estivessem distantes, e, quando meus olhos
JavierO relógio na parede do meu escritório marcava 9h47 quando Marco entrou com sua postura usualmente rígida, carregando uma agenda nas mãos.Estava sentado na poltrona de couro, os cotovelos apoiados na mesa, massageando as têmporas. O cansaço pesava mais do que de costume. Entre os problemas do dia a dia e as discussões recentes com Camille, parecia que o mundo estava desmoronando ao meu redor.— Precisamos alinhar algumas prioridades, Javier — Marco começou, a voz firme e séria. — Temos pendências financeiras, atualizações no quadro de segurança e...Ele continuava, a lista parecia interminável, e minha paciência estava cada vez mais curta. Mas antes que pudesse me preparar para cortar sua explicação ao meio, a porta do escritório se abriu abruptamente. Carmen entrou com o rosto pálido e a respiração entre cortada, como se tivesse corrido.— Senhor, precisa vir rápido.Marco e eu nos entreolhamos, surpresos pela interrupção. Carmen raramente perdia a compostura. Levantei-me imed
CamilleA manhã chegou silenciosa, envolta em um clima de tensão palpável.Quando desci para o café, o ar parecia carregado. Javier já estava à mesa, mas não levantou os olhos quando entrei. Em vez disso, ajustou o jornal em suas mãos e continuou lendo, como se eu não estivesse ali. Sentei-me em silêncio, observando-o de canto de olho. Normalmente, ele era o primeiro a falar, a iniciar alguma conversa casual ou até mesmo uma discussão, mas hoje... nada.Carmen apareceu com a travessa de frutas e um cesto de pães. Enquanto colocava tudo na mesa, Javier finalmente falou:— Carmen, diga para Camille que preciso que ela fique na mansão hoje. Há coisas que precisam ser resolvidas.Minha respiração parou por um instante.Ele realmente estava se dirigindo a mim por interposta pessoa?Carmen olhou para mim com desconforto antes de balbuciar:— O senhor Javier gostaria que a senhora permanecesse em casa.— Eu ouvi — respondi, seca, cruzando os braços.Levantei-me antes que ele pudesse continua
JavierA reunião estava em andamento havia quase duas horas, e eu já havia perdido a paciência.Marco estava ao meu lado, como sempre, organizando os papéis e me sinalizando discretamente sobre os tópicos que ainda precisavam ser discutidos. Mas, naquele momento, nem mesmo ele conseguia esconder a tensão no ar. Os outros homens estavam inquietos, reclamando e debatendo com fervor.O assunto principal ainda era o incidente recente envolvendo Lúcio e o suposto “Clube das Esposas”.— Javier, você precisa tomar uma decisão mais rápida sobre isso — disse Hector, um dos homens mais velhos na sala. — Não podemos deixar as coisas saírem do controle.Fiquei em silêncio por um momento, tamborilando os dedos na mesa de madeira maciça. Minhas mãos estavam cerradas em punhos, e minha cabeça latejava com o som incessante de vozes que não paravam de me pressionar.Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu abruptamente, revelando Carmen com o rosto pálido e a respiração acelerada.— Javier, é
CamilleO cheiro forte de antisséptico impregnava o ar, misturando-se à claridade fria do quarto de hospital.Deitada na cama, ainda me sentia fragilizada, mas, ao mesmo tempo, uma urgência crescente me corroía por dentro. O médico, um homem de expressão séria e olhar analítico, estava terminando de examinar meu braço.— Está tudo bem por enquanto — ele disse, a voz calma. — Só mais alguns cuidados e repouso absoluto pelos próximos dias.Fechei os olhos por um momento, tentando absorver as palavras dele, mas minha mente estava em outro lugar, girando em torno de um único pensamento.— Eu ainda estou grávida? — minha voz saiu baixa, quase num sussurro.O médico parou, erguendo o olhar para mim. Parecia medir as palavras antes de responder.— Sim, senhora Herrera. Ainda está grávida. Felizmente, os ferimentos não afetaram os bebês.O alívio tomou conta de mim como uma onda, mas logo foi substituído por outro sentimento: preocupação. Segurei o braço do médico com firmeza, ignorando a dor
JavierO quarto do hospital estava mergulhado em silêncio, exceto pelo som constante e rítmico do monitor cardíaco ao lado da cama de Camille. Ela dormia profundamente, o rosto sereno, mas marcado por pequenos hematomas que pareciam ainda mais visíveis sob a luz fria.Sentado na poltrona ao lado da cama, eu a observava, cada detalhe dela gravado em minha mente. A respiração dela era lenta e estável, o que deveria ser um alívio, mas eu não conseguia afastar a angústia que apertava meu peito.Minha esposa tinha sido espancada.O pensamento era uma faca cortando fundo, me fazendo apertar os punhos. Ainda podia sentir a raiva fervendo sob a superfície, mas era contida pela necessidade de estar ali, ao lado dela, garantindo que estivesse segura.Ela mexeu a cabeça ligeiramente, murmurando algo incompreensível, mas não acordou. Aproximando-me mais, toquei a mão dela com cuidado, como se temesse que pudesse quebrá-la com um simples gesto.— Não vou deixar que nada te aconteça de novo — murmu
CamilleA luz fluorescente no teto zumbia suavemente, mas em minha mente, o som era abafado pelo turbilhão de pensamentos que não me deixavam descansar.Meu corpo ainda doía, cada músculo, cada osso, como se um peso invisível tivesse se instalado sobre mim. O cheiro do hospital, misturado com o odor pungente do álcool e dos desinfetantes, me fazia sentir uma ansiedade que não conseguia controlar.A enfermeira tinha vindo várias vezes, mas suas palavras não passavam de uma bruma distante, algo que eu já não conseguia entender muito bem. O que me restava era o silêncio constante que me apertava o peito e a lembrança dos acontecimentos que me trouxeram até aqui.Javier… ele ainda estava em algum lugar, provavelmente em uma sala distante, talvez em uma cirurgia ou em algum processo de recuperação que eu não queria saber mais. Fui eu quem o arrastou para esse inferno.Eu, Camille, a mulher que ele dizia amar e que, no fim, só sabia se colocar em risco com suas decisões impulsivas.Suzu es
JavierO som das vozes ao fundo se tornou um zumbido insuportável enquanto eu atravessava o corredor. Cada passo era um golpe seco contra o chão, ecoando pela minha mente como uma contagem regressiva.A fúria que pulsava dentro de mim era um animal selvagem, feroz e indomável. Camille estava no hospital, lutando pela vida, e alguém nesta maldita sala era o responsável.A porta se abriu com um estrondo quando entrei. O ar carregado de cigarros e álcool não mascarava o cheiro mais forte de todos: o medo. Os homens ao redor da mesa ficaram tensos, seus olhares se encontraram brevemente antes de se voltarem para mim. Eles sabiam que algo estava por vir.— Quero saber quem foi. — Minha voz cortou o ar como uma lâmina, fria e cheia de veneno.Silêncio.Olhei para cada um deles, demorando-me em seus rostos. Homens que já tinham enfrentado guerras, acordos sombrios, traições e crimes. Homens que, em qualquer outra situação, seriam incapazes de demonstrar fraqueza. Mas naquele momento, eles sa