Auriel
Ele beija meus lábios com delicadeza e eu fico estática no lugar, sem saber como reagir. O beijo tem um contraste estranho: é meigo no toque, mas deixa um rastro de inquietação que se aloja por todo o meu corpo.
Sinto cada célula em alerta, como se meu corpo inteiro dissesse ao mesmo tempo que aquilo não deveria acontecer, que há algo de errado por trás da gentileza dele.
Minha respiração fica curta, e penso, por um instante rápido demais, em todas as decisões que me trouxeram até aqui — e, ao mesmo tempo, meu corpo quase responde ao gesto com uma memória antiga do afeto que um dia existiu.
“Eu estava quase invadindo o seu quarto, minha querida. Você demorou para se juntar a nós,” Darius declara com a voz animada, mas eu sinto o tom de ameaça vindo por debaixo da sua hospitalidade.
As palavras dele têm doçura por cima e ferro por baixo; por trás do sorriso há sempre um aviso, e eu reconheço esse aviso mesmo antes de entender tudo.
O calor que sobe ao meu rosto não é apenas por