Olho para o meu pai sem saber o que fazer, só sinto uma enorme vontade de procurar um buraco e me jogar ali, por tamanha vergonha que sinto. Para mim, isso é o mesmo que eu ter cometido um crime, ele descobrir e vir me confrontar. Ele caminha devagar até mim e senta ao meu lado, me observando.
- Quer me dizer alguma coisa? - me pergunta, sério, mas sem julgamento.
Nego com a cabeça, desviando o olhar imediatamente. Me sinto ridícula, como uma criança travessa pega no flagra.
- Ai, pai, não! - digo, constrangida.
Ele solta um risinho por me ver assim, provavelmente achando graça do meu desespero. Mas logo se levanta e me diz:
- Que bom! Eu nem saberia como aconselhar a minha querida filha sobre relacionamento… Só digo uma coisa, se der para ficar solteira até os 30 anos, eu agradeceria. - ele pisca para mim.
Sorrio, relaxando os ombros. Como é fácil conviver com ele. Meu pai parece ter um dom de transformar qualquer momento desconfortável em um mais leve.
- Acabei de fazer o almoço…