O quarto está escuro, com as cortinas ainda fechadas, mas a luz fraca que entra já me incomoda. Minha cabeça lateja como se alguém estivesse tocando tambor dentro de mim, e o gosto de vodka misturada com suco ainda amarga minha boca.
Tiro o braço de cima do rosto e encaro o teto por alguns segundos, tentando lembrar até onde fui na noite anterior. A galera tava toda lá, rindo alto, bebendo como se não houvesse amanhã. Eu também ria, claro, faço isso bem, é fácil fingir que está tudo bem quando tem música alta, gente bonita e álcool suficiente para apagar qualquer vazio. E eu enchi a cara.
Me levanto sem vontade, tomo um banho rápido e escovo os dentes só para cumprir o básico. Depois volto direto para cama, exausto demais até para me vestir. Ainda bem que tenho um banheiro só meu, é sempre um alívio poder sair de lá pelado sem me preocupar com ninguém.
Mas agora, deitado aqui, novamente, tento me lembrar de ontem. Tento me lembrar de alguma conversa que tenha realmente importado, ma