Capítulo 6
Samuel só abriu o envelope no dia seguinte. Na verdade, ele havia recebido na tarde anterior, mas ao ver o nome no remetente, deixou de lado. Só no dia seguinte, após Cláudia o alertar, ele se lembrou.

Ao ver os papéis do divórcio, Samuel achou que Gabriela estava sendo extremamente irracional.

— Divórcio? A sua esposa só está brava, não é? Deve ser por causa daquela história da casa velha. Mas o senhor já explicou para ela que é por causa do trabalho, e mesmo assim ela não entendeu. Que tal eu não me mudar mais? — A fala de Cláudia tocou num ponto sensível.

— Por que não se mudar? — A raiva subiu imediatamente ao peito de Samuel. — Desta vez eu vou dar uma lição nela! Liga para a equipe de obras e manda acelerar tudo!

Ao ouvir o tom furioso dele, Cláudia disfarçou o brilho de triunfo nos olhos, respondeu suavemente e saiu do cômodo. Que o escândalo continue. Quanto mais Gabriela fizesse drama, mais feliz ela ficava.

Samuel jogou os papéis de divórcio sobre a mesa e ligou para ela, mas ninguém atendeu.

Tentou de novo, e nada.

Depois de algumas tentativas, ele decidiu ir pessoalmente até a casa. Queria ver até onde ela estava disposta a ir com aquilo tudo. Se ela realmente queria o divórcio, então que assim fosse.

Samuel dirigiu de volta para casa, mas encontrou tudo vazio. Nem os móveis estavam lá.

Ele não se importou muito, apenas começou a chamá-la em voz alta. Mas não teve nenhuma resposta.

Subiu as escadas até o quarto. O guarda-roupa, antes abarrotado, agora estava completamente vazio. Os presentes que ele tinha dado a ela, que ela sempre dizia que deixaria nos lugares mais visíveis da casa, haviam desaparecido. Por algum motivo, isso lhe deu uma estranha sensação de vazio.

Não restava mais nada no quarto, exceto um caderno em cima da escrivaninha. O caderno parecia antigo. As bordas das páginas estavam amareladas e um pouco tortas. Curioso, Samuel o abriu.

Na primeira página, apareceu a letra delicada da Gabriela. Os nomes dos dois estavam escritos, com um coração desenhado no meio, de forma infantil. Ele se lembrou na hora que isso era algo que a Gabriela de dezoito anos adorava fazer.

Naquela época, ela amava escrever diários. Desde que começaram a namorar, ela escrevia quase todos os dias.

Ele sempre teve curiosidade sobre o que ela escrevia, mas ela nunca o deixava ver. Então, todas as noites, enquanto ela dormia, ele pegava escondido aquele "tesouro", lia, e depois colocava-o de volta no lugar.

Samuel lembrou que sempre era sobre ele.

Mais tarde, quando a empresa se estabilizou e ele ficou cada vez mais ocupado, deixou de lado o hábito de espiar os diários dela. Ele lembrava vagamente de vê-la escrevendo algumas vezes no escritório. Depois disso... não se lembrava de mais nada.

Folheou as páginas sem muito interesse, ele não tinha paciência para sentimentalismos.

Abriu diretamente nas últimas páginas. Havia apenas uma frase:

[Samuel, adeus.]

Samuel ficou em silêncio, olhando fixamente para aquilo, enquanto uma raiva crescente tomava conta de seu peito. Num impulso, jogou o diário no lixo e saiu em direção à porta.

"Fugiu de casa de novo! Ela realmente achava que era uma garotinha de três anos? Achava que isso ia me assustar? Ridículo!" Pensou ele.

Ele pegou o telefone para bloqueá-la novamente. Mas, no mesmo instante, o celular tocou. Era ela.

Ele riu com desdém e atendeu:

— Ué, você não fugiu de casa? Por que desta vez só durou um dia?

Do outro lado da linha, só se ouviu silêncio. Depois de um tempo, uma voz feminina, embargada pelo choro, respondeu:

— É a Susana. Venha rápido para o necrotério. A Gabi morreu.
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