Pov LinneaVoltei a fechar os meus olhos enquanto caminhávamos pela cidade. Sentia o ar se tornando mais fresco, uma brisa gelada tocava meu rosto enquanto as vozes ficavam mais distantes. Apertei minha mão no braço do Beta, com medo de estar sendo levada para algum lugar estranho.― Você disse que íamos ver o ancião. ― Falei nervosa, tentando conter o tremor em minha voz. ― Mas estamos nos afastando da alcateia, não é?― Seus sentidos são mesmo bons. Não se preocupe, ainda estamos indo até o ancião. ― O tom divertido de Carter não me deixou mais calma.― Mas estamos nos afastando muito.― Os mais velhos preferem viver do jeito antigo, não gostam de modernidade e barulho. Chegamos.Abri meus olhos lentamente, percebendo que estávamos no meio da floresta, mas ainda era possível ver os movimentos distantes da cidade. Diante de nós, uma cabana rústica feita inteiramente de troncos com uma densa vegetação crescendo por suas paredes. O Beta subiu os pouco degraus até a porta da frente e pu
POV LinneaHavia um brilho familiar nos olhos do ancião, algo que me fazia lembrar meu avô, que criou meu irmão e eu quando nossos pais desapareceram. O homem recostou na cadeira, relaxado, enquanto eu sentia uma forte tensão crescer no meu estômago.― Ajudá-lo… Infelizmente não é algo tão simples, criança. O pai de Kael passou grande parte da vida buscando a joia que você leva em seus olhos. Essa busca incansável teve seu preço. ― O ancião olhou para Kael, seus olhos pareciam tristes, mas ele mantinha uma expressão neutra. ― A família e a alcateia ficaram de lado, a loucura já o estava consumindo a níveis que nada mais conseguia contê-lo. Kael e seu irmão não tiveram o pai por perto e a mãe também não suportou a pressão de ser uma Luna abandonada. Kael cresceu nutrindo uma grande raiva por seu pai, vendo seu povo definhando enquanto o alpha focava apenas em uma busca cega por algo que nem sabíamos se ainda existia.― Mas todos parecem viver muito bem na cidade. ― O ancião sorriu, fec
POV LinneaOs olhos de Kael queimaram e eu não sabia se deveria ou não dizer que foi ele quem me machucou. Após ter passado por momentos tão difíceis, não queria jogar mais aquele fardo sobre seus ombros. Baixei minha cabeça e segurei meu cabelo com minha mão livre. ― Foi um acidente, mas o médico já cuidou de mim e disse que não é nada grave. Vou estar bem em alguns dias. ― Minha voz tremia em cada palavra, mas evitei contar qualquer mentira, para que Kael não desconfiasse. Kael rosnou, voltando a se deitar na cama e cobrindo seus olhos com o braço.― Tanto faz, não vou pensar nisso agora. ― Havia muita hostilidade em sua voz, o que fez meu coração se apertar e doer um pouco.Eu não sabia o que estava acontecendo entre nós dois, o que eu significava para ele e nem o que a noite anterior representava. Pensar naquelas coisas fez meu coração acelerar e meu rosto ficar quente. Kael farejou na minha direção e sorriu, retirando seu braço e me olhando com suas íris de cor negra. ― Esse ch
POV LinneaVoltei ao médico na data solicitada e meu ombro estava completamente recuperado. O doutros recomendou fazer alguns exercícios de alongamento e fortalecimento, mas não exagerar e nem força o braço. Eu estava radiante, pois os dias anteriores foram repletos das maiores alegrias que eu já tive em toda a minha vida. Kael foi sempre muito gentil quando estávamos a sós, me ajudando a vestir e alimentar. Ele queria me ajudar no banho, mas eu o recusei, pedindo que uma das empregadas me ajudasse. Kael passou a trabalhar de seu escritório e me mantinha sempre por perto. Ele dizia que eu não era confiável, por já ter fugido dele antes e não confiava que eu não fosse tentar novamente. Mas eu acreditava que não era por esse motivo que ele me mantinha por perto. Certo dia, após uma reunião por vídeo bem acalorada, Kael quebrou alguns objetos em sua mesa, rosnando em fúria cega. Me levantei e fui lentamente até ele, assim que estava em seu alcance, Kael enlaçou minha cintura, me puxando
POV LinneaFechei meus olhos e caminhei me guiando pelos sons e cheiros ao meu redor. Havia tanta gente indo de um lado para o outro que me confundi em vários momentos, até que senti o cheiro característico de gasolina e sons de motores. Caminhei lentamente, minhas mãos estendidas diante de mim até tocar o metal frio da lateral de um veículo. Como esperado, alguém se aproximou com passos cautelosos.― Ei, o que está fazendo? ― O tom do homem era curioso e confuso. Me virei na direção de sua voz.― Sinto muito, eu preciso ir até a feiticeira.― Fiora? O que quer com aquela mulher? Não recebemos qualquer ordem de que você recebeu a permissão do alpha para sair. ― Tentei me manter calma. Pelo meu convívio com Kael, eu já sabia que os lobisomens podiam ouvir meu coração acelerado. Respirei fundo e tentei misturar a realidade com uma boa mentira.― O ancião precisa do remédio do Alpha, mas que apenas Fiora o tem.― Por que o beta não faz isso, ou próprio ancião? ― O homem insistiu já me pu
POV LinneaNão conseguia compreender o que a feiticeira estava falando. Não tinha como ter uma criança crescendo dentro de mim, eu não era casada, se quer havia sido prometida a alguém para que aquilo acontecesse. Com as mãos sobre minha barriga, tentei sentir alguma coisa, mas tudo parecia normal. Ela poderia estar mentindo para me impedir. ― Isso é impossível. Você está mentindo. ― Acusei, mas a mulher apenas balançou sua cabeça para os lados.― Você tem o cheiro de Kael por todo o seu corpo. Se deitou com ele. Sexo sem prevenção pode levar a gravidez querida, nem mesmo você pode ser tão ingênua para não ligar os pontos. ― A mulher se levantou, indo até o canto e acendendo outro cigarro. ― Se não acredita, pode tirar a sua venda e olhar no espelho sobre a mesa. A joia já não está mais em seus olhos.Fiz como ela disse, tirando minha venda e pegando o espelho com as mãos trêmulas. O reflexo de grandes olhos verdes me surpreendeu. Movi minha cabeça, pisquei várias vezes, mas o verde
POV LinneaO carro parou, o grande edifício se estendia, quase tocando as nuvens. Enquanto tentavam me arrancar da parte de trás da ambulância, eu me debatia, sacudindo meu corpo para evitar ao máximo ser levada de volta para aquele pesadelo. Tudo no que eu conseguia pensar era que o mestre me mataria quando descobrisse que eu não possuia mais a joia, mas antes iria me torturar para me punir. ― Por que estão demorando tanto? ― O cão de guarda do mestre se aproximou e me encolhi em um canto, meu corpo trêmulo e estômago revirando novamente. Ele empurrou um dos homens para longe e entrou no veículo. ― Não acha que já deu trabalho de mais para a gente? Vamos logo!Fui arrastada pelos cabelos por todo o caminho até o elevador. Os seguranças do mestre riam e comentavam minha humilhação. Quando as portas se fecharam, a mordaça foi retirada e minhas pernas foram soltas, mas mantiveram as algemas.― O chefe vai se divertir hoje. ― Um dos seguranças comentou chutando de leve minha coxa. Eu e
POV IsoldeA vida foi boa depois que sai daquele inferno de vila isolada, ainda consegui um bom dinheiro ao vender minha doce irmãzinha. Depois daquele dia, consegui ser adotado pela família Noxus, famosa por suas joias de alta qualidade e que não tinham nenhum herdeiro vivo. Fiz o papel de bom menino, criança doce e gentil que sonhava em ter uma linda família, sozinho no mundo depois de um trágico acidente. Eu já era considerado muito velho para ser adotado, com meus quatorze anos, mas minha beleza e inteligência ajudaram muito.― Isolde, querido, você é realmente uma criança incrível. ― Era o que eu sempre escutava quando me destacava nos estudos ou recebia alguma premiação na escola. Pouco tempo após a minha formatura na faculdade de negócios, ouvi um boato de que um empresário que estava a beira da falência misteriosamente se reergueu. Especulações de todos os tipos rondavam até que fui a uma reunião com meu pai adotivo, onde Octavius estava se gabando sobre seu tesouro mais prec