Bridget digitava com lentidão. As palavras surgiam, hesitantes, no velho notebook sobre a pequena escrivaninha do quartinho na livraria. Lá embaixo, o som do sino da porta misturava-se ao cheiro suave de café. Ela suspirava entre uma frase e outra, como se buscasse fôlego para continuar existindo.
O texto era íntimo. Uma carta que talvez nunca enviasse. Mas precisava escrever — por ela, por Andrew, por tudo que viveu e não disse.
Um leve bater à porta a despertou.
— Bridget? — a voz de Elizabeth soava baixa, quase cautelosa.
— Pode entrar — respondeu, fechando o notebook devagar.
Elizabeth entrou, com passos suaves, os olhos percorrendo o pequeno espaço com ternura. Ela se sentou na poltrona próxima, sem pressa.
— Está aconchegante aqui — disse, após um silêncio breve. — Parece um refúgio.
— É o que eu mais precisava ultimamente — respondeu Bridget, forçando um sorriso.
Por um instante, nenhuma das duas falou. O ar estava denso, cheio de lembranças não ditas.
— Andrew está melhor — co