Fragmentos do que fomos

A noite desceu sobre a mansão Millers com um silêncio desconfortável. Bridget continuava no quarto de hóspedes, sentada na beirada da cama, olhando fixamente para o braço onde os dedos de Andrew haviam deixado uma leve marca avermelhada. Mais do que a dor física, era o peso do desprezo que a sufocava.

Ela respirou fundo. As palavras dele ainda ecoavam na sua mente: “A mulher que eu amo é a Laura. Você não é bem-vinda.”

Ela pensou em voltar. Em arrumar suas coisas e sair naquela mesma noite. Mas não podia. Algo dentro dela dizia que desistir agora era dar vitória a tudo o que estava errado — inclusive à própria Laura.

Cida apareceu no quarto com uma bandeja de chá quente e biscoitos amanteigados, como costumava fazer nos tempos da mansão Tulipa Azul. Bridget sorriu com os olhos marejados.

— Eu soube o que aconteceu — Cida disse suavemente. — Não deixe isso apagar quem você é, minha menina.

— Ele não lembra de mim, Cida — Bridget disse, a voz embargada. — Mas o pior é que ele me odeia.

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