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CICATRIZES NÃO VÊM COM RÉGUAS

Observo da janela da cozinha. Alexandro está no quintal com Julian, os dois agachados ao lado do canteiro de lavandas, procurando "joaninhas guerreiras", segundo meu filho.

Julian ri alto, e eu vejo seu corpo inteiro tremer de alegria. Como há muito não via.

Como eu, sinceramente, achava que não veria tão cedo.

Meu coração se divide entre a esperança e o medo. Como uma ferida que começa a cicatrizar, mas ainda arde ao menor toque.

Coloco a xícara de café sobre a pia e esfrego as mãos nos quadris, tentando me convencer de que não estou tremendo.

Ele está aqui. Cumpriu cada palavra dita nos últimos dias. Chegou cedo, preparou panquecas, levou Julian à escola, buscou, ajudou com a lição…

Como se nunca estivesse ausente.

Como se eu tivesse sido apenas uma página virada, e agora bastasse virar de novo.

— Aria? Ouço sua voz atrás de mim.

Viro devagar. Ele está na porta, com Julian de mãos dadas e um sorriso cansado, mas satisfeito.

Sujo de terra. Meu filho
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