Quando o Vento Traz Lembranças
Aria
A tarde avança preguiçosa sobre as colinas de Tiradentes, tingindo de dourado as copas das árvores ao redor do resort.
Depois do lanche, deixo Julian com a babá na sala de leitura, ele insiste em “construir castelos de livros”, e a cuidadora, paciente, o ajuda a empilhar enciclopédias como se fossem blocos de Lego.
Aproveito o silêncio raro para checar os e‑mails no mini escritório adjacente ao lobby.
Mal abro o laptop, no entanto, sinto a vibração familiar de inquietação percorrer minhas costelas.
O som abafado de cordas talvez um violão afinando chega do salão de eventos.
Levanto, atraída. Quando atravesso a porta dupla, encontro Alexandro no pequeno palco que montamos para noites de música ao vivo.
Ele não percebe minha presença, está de cabeça baixa, ajustando a afinação de um violão clássico emprestado do acervo do hotel.
O detalhe me surpreende. Nunca o vi tocar instrumento algum.
Ele dedilha a sequência de acordes: mi menor, dó, ré,