[Letícia]
O dia dezesseis de novembro começou com um ar diferente. Trinta e dois anos, pensei, enquanto abria os olhos para o teto de madeira do chalé. Não era só mais um dia. Era meu dia
Mas, em vez de bolo, velas e parabéns, eu tinha uma pilha de presskits para revisar, um cronograma de campanha que não dormia e um coração que ainda sangrava por causa de Marcos.
Levantei-me da cama com um suspiro pesado. O espelho do banheiro me devolveu uma mulher de olheiras fundas, cabelo bagunçado e expressão de quem não dormia direito há semanas. Parabéns, Letícia, pensei, com ironia. Você conseguiu. Trinta e dois anos, sozinha, numa vinícola italiana, trabalhando para a família do homem que destruiu seu coração.
Tomei um banho rápido, vesti uma calça jeans, uma blusa branca e um suéter bege — prático, profissional, blindado. Nada de salto, nada de maquiagem. Hoje eu precisava de armadura, não de beleza. Peguei o caderno de anotações, o laptop e saí do chalé em direção à mansão.
O caminho