Era domingo, e o silêncio do meu apartamento era ensurdecedor. Eu me arrastava pela sala, o celular vibrando intermitentemente sobre a mesa de centro, cada notificação como uma facada no meu peito. Marcos tinha começado a mandar mensagens na sexta-feira, logo após a festa, cada uma mais insistente que a anterior: Letícia, a gente precisa conversar. Por favor, me responde. Eu sei que isso tudo é confuso, mas não me ignora. Eu não respondi nenhuma. Não podia. Cada palavra dele trazia de volta o erro do banheiro, o toque das mãos dele, a traição que eu tinha cometido contra minha própria irmã.
Andressa também tentou contato, suas mensagens cheias de curiosidade: Let, como foi a festa? Tô louca pra saber! Ei, tá tudo bem? Me conta! Eu ignorei essas também, incapaz de enfrentar a ideia de contar a verdade — ou de mentir para minha melhor amiga. O notebook, ainda fechado desde a noite em que vi as fotos de André, parecia me encarar da mesa, uma lembrança cruel do que eu não conseguia apaga