Era noite de sábado, e o apartamento estava silencioso, exceto pelo som abafado da vassoura que eu ainda não tinha terminado de usar. A faxina, que começara com um estranho entusiasmo, agora parecia um peso. Meus olhos ardiam, as lágrimas que eu tentava segurar desde cedo escorrendo sem permissão enquanto eu varria o mesmo pedaço de chão pela terceira vez.
A campainha tocou, e eu enxuguei o rosto rapidamente, tentando me recompor. Abri a porta, esperando qualquer coisa menos Andressa, parada ali com uma sacola de comida japonesa na mão, o rosto animado que logo desmoronou ao me ver.
— Meu Deus, Letícia, o que aconteceu? — perguntou, entrando sem esperar convite, os olhos arregalados ao notar meu rosto inchado e o apartamento pela metade na faxina. — Eu vim contar da minha noite com a Marina, mas... por que você está chorando? Senta aqui e me explica tudo.
Eu me joguei no sofá, esfregando o rosto, enquanto ela colocava a sacola na mesa de centro e abria uma caixinha de sushi.
— M