O maior presente da minha vida
O maior presente da minha vida
Por: Maria de Andrade
1. Irmã, Carlos quer me matar

O dia estava muito quente, apesar de ser cedo pela manhã, o calor sufocava a doutora Débora Nascimento, no fim do plantão, nem o banho frio foi capaz de amenizar o calor que ela estava sentindo.  Além do calor sufocante que fazia na cidade esse dia, a  TPM estava em seu ciclo mais alto. Tudo de verdade que ela queria era chegar em casa, tomar um novo banho, trocar de roupa e dormir.

Quando Débora pegou o carro no estacionamento do hospital seu corpo transpirava todo. Logo entrou no veículo e ligou o ar-condicionado. Aos poucos o desconforto provocado pelo calor foi diminuindo, apesar da irritação por começar o dia desse jeito não passar.

Um plantão de doze horas, com atendimentos intermináveis e a constante dor de cabeça, causada pelos hormônios do período pré-menstrual foi a combinação perfeita para fazer um começo de dia difícil para a médica.

Ligou uma música no som ambiente do carro, olhou para uma foto de sua filha balançando no espelho retrovisor da frente do carro. Respirou fundos algumas vezes tudo para tentar controlar o nível de estresse que o dia estava demandando. Como pegava aquela hora o contrafluxo, a sua estrada estava bastante tranquila e logo chegou ao bairro em que mora. Quando passou pela guarita de segurança do condomínio de luxo onde sua casa estava, seu humor estava um pouco melhor.

Precisava descansar algumas horas, porque a tarde ainda tinha que voltar ao hospital para uma importante reunião, além de resolver diferentes questões burocráticas antes de voltar para casa e descansar de verdade. 

Quando ela estacionou o seu carro logo percebeu algo diferente, na vaga de estacionamento reservada aos carros da família dois carros estavam estacionados. Um  dos automóveis. Débora reconheceu.  O carro de seu marido, quem não via em casa a seis meses. Estava sumido desde quando encontrou uma nova namorada. O outro não conhecia.

Ao entrar chamou a governanta:

“Mara, Mara.”

“Senhora, que bom que chegou.”

“Como está Ângela? Foi para a escola? Ela se alimentou direito? Se comportou bem?

Foram tantas perguntas, que a empregada, mesmo acostumada com a maneira de chegar em casa de Débora ficou atordoada. Ela não sabia se respondia as perguntas ou dava a má notícia a dona da casa.

“A menina tem estado muito bem. Se comporta como sempre, calma e obediente. Foi para a escola no horário de sempre e disse que quando chegasse gostaria de lhe acordar com um grande beijo.”

A empregada pensou que a melhor escolha era começar dando as respostas para as inquietações cotidianas da patroa. Afinal, a menina era quem mais amava naquela casa.

“Obrigada, Mara. Mas, sinto uma vibração ruim, Tem algo acontecendo fora do comum na casa.”

A empregada se surpreendeu com a sensibilidade da mulher mais jovem. Débora era uma garota de pouco mais de vinte e cinco anos. Mesmo assim, já comandava um importante hospital particular da cidade. Além de ser uma médica generalista bastante conceituada. Responsável, cuidadosa, ela sempre tinha em mente as necessidades de todos.

A sua casa era bastante grande e confortável, presente de casamento do avô, ficava em uma parte bastante privilegiada da cidade, sendo decorada em um estilo clássico, como móveis e decoração clara, entre tons pastéis e neutras. A mulher de verdade se sentia muito relaxada quando chegava na sua própria casa. Era assim que ela estava se sentindo agora. Depois de ouvir o relato da governanta sobre as atividades de sua garotinha. Ela deu um leve sorriso e estava se preparando para subir as escadas quando a outra mulher a fez parar.

“Senhora...”

“Sim.”

"O senhor está em casa.”

“Eu sei. Vi o carro dele na garagem.”

“Mas... e que ele não está sozinho.”

"Está me procurando?”

“Não. Ele disse que queria falar com o senhor Paulo. ”

O rosto de Débora se contorceu de preocupação com a resposta da empregada.

“Obrigada, pode voltar aos seus afazeres. Ao meio-dia preciso que o almoço esteja pronto. Porque quero almoçar com Ângela às doze e vinte. Pois, a tarde tem uma reunião importante no hospital.”

“Sim, senhora.”

A empregada virou as costas e se dirigiu a cozinha, para avisar a cozinheira que adiantasse o almoço, porque a patroa iria sair logo após a refeição. Enquanto isso, Débora subia as escadas para o segundo andar da casa, pensando em que assunto Carlos e Paulo tinham em comum. Tinha apenas posto os pés no segundo pavimento, quando ouviu um barulho de coisas caindo, vindo do quarto reservado a Paulo. A doutora que estava arrastando os pés de cansaço, logo recebeu um impulso de Adrenalina, quando ouviu o barulho e logo depois gritos vindos da mesma direção.

Quando ela atravessou a porta do quarto, que estava aberta, se deparou com uma cena horripilante. Sentado em uma cadeira, Carlos olhava para um rosto coberto de sangue. Ao seu lado uma mulher vestida à última moda, com um sapato de salto bem alto e fino. E mais quatro pessoas, dessas três estavam batendo no rapaz, dono do quarto.

“O que é isso?”

A voz de Débora se elevou e ricocheteou por todo o quarto, fazendo os homens pararem de bater no rapaz momentaneamente.

“Irmão, Carlos quer me matar!” 

O rosto cansado de Débora ficou imediatamente pálido. Ela correu para o local em que o garoto estava sendo surrado pelos homens e os empurrou para longe do ferido, um a um. Os homens pegos de surpresa retrocederam alguns passos. Olhando para o chefe. A acenou com a cabeça para ficarem onde estavam.

“O que significa isso, diga logo, Carlos?”

“Estou dando uma lição nesse fedelho. E é melhor você não se meter.”

“Você invade a minha casa, b**e no meu irmão e não quer que eu me meta com isso?”

As pessoas que estavam na sala se surpreenderam com a forma que a mulher falava com o todo poderoso Carlos Nascimento. Muito se falava sobre como era a personalidade da mulher que se casou, ainda aos dezoito anos, como o empresário, jovem, mais badalado do momento.

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