(Narrado por Caio)
Ela dorme.
Ou finge.
Tanto faz.
Eu ouvi o sussurro.
"Eu nunca parei de esperar por ele."
E quer saber?
Problema dela.
O Gustavo tá morto.
E o mundo segue girando.
Levantei da cama sem fazer barulho. A noite ainda tava úmida, grudenta. Caminhei pelo corredor até o escritório. O que era dele. A sala onde ele sonhava, planejava, mandava.
Agora é minha.
Abri a porta. A luz da rua invadia pela fresta da persiana. Sentei na cadeira de couro. Aquela que ele fez sob medida — com encosto alto, couro legítimo e o nome gravado na lateral.
Arranquei a plaquinha com o nome dele no dia seguinte ao acidente.
Hoje, tem o meu.
Liguei o notebook. Toquei nos papéis em cima da mesa. Folheei contratos com minha assinatura. O logo da empresa brilhando no topo. O cargo: diretor executivo.
Cargo que era dele.
Hoje… é meu.
Antes, era o Gustavo que batia o martelo nas decisões. Que os sócios escutavam em silêncio. Que os clientes esperavam ansiosos. Que recebia os convites pra conferência em