Movendo as peças

Elena tomou banho o mais rápido que pôde, sentindo a água escorrer por sua pele como se quisesse lavar também a inquietação que a dominava. Seu coração batia acelerado, impulsionando-a para fora daquele quarto sufocante — e ainda mais para o reencontro tão aguardado com sua irmã.

Ao sair do banheiro, ela se aproximou da porta de vidro, coberta precariamente por sacos de lixo presos sobre o buraco na vidraça. Espiou através das frestas improvisadas e se deparou com um espetáculo quase cruel: o céu de um azul impecável, límpido e sem nuvens, contrastando com a tempestade que rugia dentro dela. Pássaros cortavam o ar em revoadas frenéticas, como se zombassem de sua prisão. Mais abaixo, o jardim se estendia vibrante; as peônias balançavam sob a carícia morna da brisa, exalando um aroma doce e quase entorpecente que não conseguia atravessar a barreira de vidro, mas que sua imaginação parecia captar.

Ao longe, o som das ondas quebrando contra as pedras trazia uma melodia áspera, revoltada,
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