O Despertar da Paranoia e a Bandeja de Paz
Dante Moretti
Acordei com o sol quente da manhã contra as pálpebras. O peso da minha cabeça no travesseiro era agradável, uma exaustão física que eu não sentia há anos. O cheiro de sal e o calor suave da pele de Stella preenchiam o quarto. Abri os olhos e o primeiro pensamento foi a noite anterior: a urgência, o prazer, a aliança selada na carne.
Levei a mão para o lado, esperando encontrá-la, mas o lençol estava frio.
Acordar e não ver Stella na cama me deixou apavorado. Foi instantâneo. Não foi o medo de que ela tivesse fugido da cidade; foi o medo que Eva instalou em mim — o pavor da ausência não anunciada, da traição silenciosa. Meu coração disparou. Onde ela estava? Teria ela visto minhas cicatrizes? Teria fugido ao confrontar a verdade física do meu passado? O controle se desfazia.
Eu me sentei na cama, nu, a adrenalina correndo. Eu estava prestes a pegar o telefone para acionar André, para pedir que ele verificasse cada centímetro