Priscila Barcella
No fim do dia, saí com a Natália e deixei as crianças com o vovô Eduardo e as tias. Fazia tempo que não tínhamos um momento só nosso, então resolvemos dar uma passada num barzinho. O lugar tinha luzes amareladas, música ao fundo e aquele cheiro de comida frita que me dava um embrulho discreto no estômago — coisa que eu, obviamente, não ia comentar.
— Que bom que você pôde vir, só nós duas, como nos velhos tempos! — ela disse, sorrindo, enquanto chamava o garçom com entusiasmo.
— Hoje eu dirijo — avisei logo, erguendo a mão antes mesmo que ela abrisse a boca. — Então, sem bebida pra mim.
Natália revirou os olhos, já dramatizando.
— A gente podia ter vindo de aplicativo! Eu queria beber a noite inteira, amiga!
— Pois é… mas eu não — retruquei seca, sem perder o tom divertido. Eu sempre fui direta, e ela sabia.
— Ai, que saudade disso… só nós duas. — suspirou, até que fez aquela expressão sapeca que denunciava problema. — Me diz uma coisa: você ia me achar muito