William Rodrigues
Desci as escadas sentindo o peso de tudo o que acabara de acontecer. O peito em frangalhos, a mente fervilhando de palavras que eu precisei dizer.
Mas foi quando vi meus filhos me esperando que minhas pernas quase cederam. Eles estavam ali. Meus quatro amores.
Tentei limpar as lágrimas antes que percebessem, mas foi inútil.
— Papai! — as vozes deles soaram em uníssono, como um abraço coletivo vindo de longe.
— Crianças... vamos embora — murmurei, sem ter coragem de encará-los. Minha voz saiu baixa, quebrada. Eu só queria sair dali, sumir com eles, me esconder no silêncio que sempre me protegeu.
— Tá bem — Ítalo respondeu prontamente, correndo até mim.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se jogou nos meus braços e sussurrou:
— Eu te amo.
Meus olhos se fecharam, e pela primeira vez desde que saí daquele quarto, consegui respirar. Ainda que doendo.
Logo vieram os outros, me envolvendo com seus bracinhos e suas palavras doces.
— Pai, estamos aqui, viu? — Íris