105. A frente unida e o reconhecimento público
O delicado ritual do café da manhã na copa envidraçada tornara-se o epicentro da reconstrução do universo Calegari. A cada manhã, Luigi e Jessica se encontravam naquele espaço neutro, o aroma do café se misturando à tensão de suas emoções não resolvidas. As conversas, antes estritamente logísticas, começavam a se aventurar, com hesitação, por territórios mais pessoais. Luigi, guiado pela terapia, aprendia a falar de seus sentimentos e falhas sem o véu da autocomiseração. Jessica, por sua vez, aprendia a ouvir, a separar o homem arrependido à sua frente do monstro que sua dor havia criado em sua mente.
Era um processo lento, excruciante. Cada palavra era pesada, cada silêncio, significativo. Mas a consistência daquele esforço diário, a disciplina de se enfrentarem com honestidade, começava a surtir efeito. Lorenzo, o barômetro mais sensível da casa, já não tratava o pai com hostilidade aberta, mas com uma distância observadora, uma curiosidade cautelosa. Via seus pais conversando e, em