104. Um dia de cada vez: a lenta construção da ponte
O pacto selado na copa envidraçada, com o sol da manhã como única testemunha, inaugurou uma nova era na mansão Calegari. Uma era de silêncios menos hostis, de distâncias respeitosas e de uma comunicação hesitante, que brotava como uma planta frágil em um terreno devastado pela dor. "Um dia de cada vez" tornou-se o lema não dito, a regra de ouro que regia a complexa coexistência de Luigi e Jessica sob o mesmo teto.
O café da manhã, antes das crianças acordarem, tornou-se um ritual sagrado e, por vezes, torturante. Sentados na mesma mesa, o aroma do café se misturando à tensão de seus corações feridos, eles conversavam. No início, as conversas eram sobre assuntos práticos: a agenda da Fundação, o desempenho de uma das empresas Calegari, as notas de Lorenzo. Eram conversas seguras, que os mantinham na superfície, evitando as águas profundas e perigosas de seus sentimentos. Mas a consistência daquele ritual, a disciplina de se sentarem frente a frente a cada manhã, começou, lentamente, a