101. O grito de um filho e a ponte sobre o abismo
A breve trégua forjada na escuridão do quarto de Laura, durante a tempestade, deixou um rastro de perturbação no coração de Luigi e Jessica. O toque acidental de suas mãos, a cumplicidade silenciosa de pais protegendo sua cria, serviu apenas para acentuar a dor da distância que agora os separava no dia a dia. A mansão Calegari, com seus corredores largos e seus cômodos suntuosos, nunca pareceu tão vasta e fria.
Luigi, em sua penitência, agarrou-se àquele momento como um vislumbre de esperança. A terapia o ajudava a entender a anatomia de seu erro, mas era a imagem do olhar de Jessica, uma mistura de dor e uma antiga familiaridade, que o impulsionava a continuar. Ele redobrou seus esforços para ser o pai que seus filhos mereciam, uma presença constante, paciente e humilde, esperando, sem exigir, que suas ações falassem mais alto que suas falhas.
Jessica, por outro lado, sentiu-se ainda mais confusa. Aquele momento de união a desestabilizou. Era mais fácil manter a raiva, a distância gé