102. A carta, a confissão e os primeiros raios da alvorada
A madrugada que se seguiu à crise de Lorenzo e à conversa brutalmente honesta na biblioteca marcou uma virada de página silenciosa na mansão Calegari. O gelo espesso que separava Luigi e Jessica não havia derretido, mas a fratura, antes uma fenda escura e intransponível, agora continha uma ponte frágil, construída com as tábuas da dor compartilhada e da vulnerabilidade exposta.
A mudança era mais sentida do que vista. No café da manhã, a tensão ainda existia, mas era diferente. Não era mais a tensão da hostilidade, mas a do constrangimento, a de duas pessoas que se despiram de suas armaduras e agora não sabiam bem como se portar diante da nudez da alma um do outro.
Lorenzo foi o primeiro a refletir essa mudança. O desprezo em seu olhar para o pai havia sido substituído por uma curiosidade cautelosa. Ele ainda não se sentava perto dele, ainda não buscava sua conversa, mas também não o fuzilava mais com os olhos. A confissão de Luigi, a assunção total da culpa, e, principalmente, a vali