Rebeca Ainda estou com raiva. Dois meses se passaram e continuo sem responder as mensagens da Rebeca. Viajei até o Rio de Janeiro só para vê-la. Pedi que faltasse ao trabalho para ficarmos juntos, mas, contrariando meu pedido, ela foi com a promessa de que voltaria logo. Só que demorou uma eternidade. Ela me deixou ali, consumido pela frustração. Eu só queria aproveitar cada segundo com ela. Será que não entende que sou completamente apaixonado? Que estava morrendo de saudade? Vivemos em continentes diferentes, nos vemos por vídeo, e mesmo assim ela achou aceitável me deixar sozinho. Fiquei tão irritado que voltei para o hotel e decidi não falar mais com ela naquele momento. Estava tomado por emoções demais — e sabia que acabaria dizendo coisas imperdoáveis. No dia seguinte, ignorei todas as tentativas dela de contato. Até mesmo no casamento em que estivemos, me recusei a reconhecê-la. Ela pediu desculpas, e eu fingi que não ouvi. Claro que isso a deixou furiosa. Mas ela me feriu p
Rahmi Depois de escovar os dentes, ela voltou para a cama com passos lentos e sensuais, os cabelos ainda úmidos caindo pelas costas. Seus olhos encontraram os meus, e naquele instante, o amor que eu sentia por Rebeca me atingiu com tanta força que o ar pareceu desaparecer por alguns segundos. Minha intenção era apenas abraçá-la e dormir com ela nos meus braços, mas Rebeca tinha outros planos. Deitou-se de costas para mim, e aos poucos, começou a se mover, roçando o corpo quente contra o meu. Sua pele macia, seu perfume adocicado, e aquele rebolado provocador... ela sabia exatamente o que estava fazendo. — Amor, dá pra parar de me provocar? — murmurei com um sorriso de canto, sentindo a tensão crescer dentro de mim. Ela não respondeu com palavras, apenas continuou sua dança silenciosa, insinuante, deliciosa. Era o suficiente para me tirar do controle. Segurei sua cintura e a virei com firmeza. Nossos olhares se cruzaram por um segundo antes que eu tomasse sua boca com urgência. O
Rebeca Fazer uma surpresa para o meu turco foi maravilhoso. Ver o sorriso dele iluminando o rosto me encheu de alegria. Como sempre, a conexão entre nós foi arrebatadora, como se o universo inteiro conspirasse para nos manter colados um ao outro. Ele é tudo que uma mulher poderia desejar: lindo, encantador, carinhoso... e perigosamente possessivo. Nunca conheci alguém tão ciumento. Quando seus olhos verdes se fixam em mim, parece que ele me possui só com o olhar. Sinto um arrepio na espinha. Amo tanto esse homem que, às vezes, chego a perder o ar só de pensar nele. Mas ultimamente, meu coração anda apertado. Ontem à noite, ele teve uma febre repentina. Tentei convencê-lo a procurar um médico, mas ele insistiu em seguir viagem a trabalho. Isso me revolta. Ele já tem dinheiro suficiente para parar agora mesmo, mas vive se desgastando como se estivesse correndo contra o tempo. Será que vale a pena sacrificar a saúde? Vê-lo doente e insistente me deixou inquieta. No meio da tarde, Nat
Rebeca Maldito preconceito. Respirei fundo e encarei o teto do quarto. Meu coração, mesmo cheio de amor, estava em guerra com a realidade. E a realidade, às vezes, não perdoa. Não é só pela cor da pele. A barreira é muito mais profunda: cultura, raça, status social. É como se o mundo tivesse sido projetado para afastar pessoas que se amam por razões que não deveriam importar. No caso da família do Rahmi, o preconceito parece vir em camadas. Não gostam de negros, tampouco do Brasil. E eu me pergunto... o que, exatamente, eles têm contra o meu país? Para piorar, Rahmi está claramente doente, fragilizado. E seus pais, ocupados demais com aparências e tradições, parecem incapazes de notar. É revoltante. Eles olham tanto para si mesmos que esquecem de ver o próprio filho. Meus pensamentos foram interrompidos pelo som inesperado da campainha. Estranhei. A recepção não avisou ninguém. Imaginei que fosse Nathifa. Mas, ao abrir a porta, dei de cara com um casal bem vestido, com a postura
Rahmi Dois dias longe da minha Pérola Negra e já estou tomado pela saudade. É inacreditável como não consigo mais viver sem essa mulher. Tenho que pedi-la em casamento logo, quero tê-la comigo para sempre. Não me importa se meus pais não aceitam nosso relacionamento, o que realmente importa é que eu a aceitei, que ela é minha desde o momento em que a vi, sambando e me deixando completamente louco. Eu sei que não estou bem. Meu corpo está coberto de hematomas e a febre voltou, mas nada disso importa agora. Preciso vê-la. Fui direto para o hotel, entrei no meu elevador particular, ansioso para abraçá-la. Mas, ao chegar no quarto, senti um frio na espinha. Estava vazio. As roupas dela, que deveriam estar no guarda-roupa, tinham sumido. O que aconteceu com o meu amor? Ela me prometeu que estaria aqui, esperando por mim. Por que não está? O aperto no peito só piorou quando vi uma carta sobre a cama. Peguei o envelope com mãos trêmulas, abrindo-o sem sequer prestar atenção em mais nad
Rahmi Acordei, estava em um quarto de hospital. O soro estava saindo de uma bolsa plástica transparente e entrando na minha veia. — O que aconteceu? — perguntei, ainda confuso. — Você desmaiou, meu irmão — respondeu Nathifa. Meus pais estavam ali, me observando, mas o ódio que eu sentia era tão intenso que não consegui encará-los. Nunca me senti assim em relação a eles antes, mas o que fizeram com a minha Rebeca foi imperdoável. O médico entrou com um exame de sangue e parecia preocupado, o que me deixou ainda mais ansioso. — Pensei que você pudesse estar com anemia. Sua irmã me disse que você vinha se sentindo fraco — disse o médico com seriedade. — Ele tem passado mal há algum tempo — confirmou Nathifa. — Sentia dores de cabeça, mas achava que não era nada grave. — Mas por que você não veio ao hospital assim que começou a passar mal, Rahmi? Por que não me procurou antes? — perguntou o médico, um tanto irritado. — Você deveria ter nos contado, meu filho! — exclamou minha mãe
Rahmi Só consigo pensar na Rebeca e na carta dela. Como ela pode dizer que não me amava? Sabemos que somos loucos um pelo outro. Meu amigo entrou no quarto, e pensei: “Pronto, todos já sabem que vou morrer.” Sorrio para ele, que parece já saber do meu estado, com um semblante muito triste. Ver todos ao meu redor tristes por minha causa só intensifica a minha dor. É horrível ver quem amamos sofrer. Estava exausto. A enfermeira entrou, parou ao lado da cama e falou de forma respeitosa, mas firme: — O doutor pediu para que todos fossem embora, pois você precisa descansar. — Eu não vou sair daqui, sou a acompanhante dele — respondeu Nathifa. — Ele vai dormir agora e só acordará amanhã. Os demais devem descansar e voltar amanhã. Não adianta ficar aqui. Acordei sentindo uma dor insuportável em todos os meus órgãos. Parecia que tudo estava se rasgando dentro de mim, e comecei a gritar. A enfermeira entrou no quarto, alertada pelos meus gritos, já que minha irmã tinha saído para com
Rebeca O impulso de ligar para Rahmi é constante. Está ali, latejando no fundo da minha mente, como uma necessidade sufocante. Mas basta lembrar das palavras cruéis da mãe dele para que meu dedo recue. A forma como ela me tratou, com desprezo e preconceito, ainda queima na memória. Foi mais do que um ataque verbal — foi uma tentativa de me apagar. E o pior? Nem mesmo Nathifa me procurou desde que deixei Istambul. Tenho quase certeza de que a mãe dela também interferiu, cortando qualquer laço que restava entre nós. Minha raiva não é apenas pelas palavras racistas e desrespeitosas, mas também por aquela quase agressão que presenciei. Por mais que eu tente manter a calma, a sensação de impotência me corrói. Pedi para Letícia que, se Rahmi ligar, diga apenas que não estou. Não tenho forças para enfrentá-lo. Já se passou um mês desde minha partida, e mesmo assim, a saudade dele e da Nathifa continua doendo. Não entendo por que ela se afastou. Nem tentei descobrir. Talvez por medo da r